
A propósito, hoje é niver de namoro! Dois anos!! O desenho não tem nada a ver porque enfim não rolou inspiração pra isso no prazo certo, mas aposto que mais na frente vai ter um desenhinho romântico. Estou feliz demais!

Lendo hoje o blog da Lola, num guest post onde uma leitora conta a terrível tentativa de abuso sexual que sofreu do pai, uma ira e também uma intensa vontade de desabafar tomou conta de mim. Toda mulher tem uma história parecida para contar. Pode não ser tão extrema assim, tão violenta, mas toda mulher já foi seguida, assediada num ônibus lotado ou mesmo foi vítima de mão-boba em festas. E isso desde a infância, passando pela adolescência até os dias de hoje.
tirar a sobrancelha, sair de casa, pintar os cabelos pois isso era coisa de "puta"? E para nós posava de pai herói, muito digno e esperando que minha mãe colocasse o prato dele (como até hoje faz com a atual companheira, praticamente uma escrava do lar). Talvez eu não sinta tanta raiva porque sei que um dia minha mãe revidou e deu-lhe também uma bela surra, uma cena que hoje eu penso que adoraria ter visto. E hoje olho para o meu pai com uma mistura de amor e nojo, por saber que homens como ele deveriam estar na cadeia por baterem nas esposas. Mas como é difícil e doloroso desejar justiça para uma pessoa que se ama. Mas ainda assim meu sentimento feminista não afasta essa idéia, mesmo tendo se passado tantos anos. Porque uma coisa que os homens que violentam suas famílias não pensam é que a memória das crianças não passa. É algo que elas carregarão sempre, mesmo que só entendam o que aconteceu décadas depois. Não importa o que meu pai tenha feito de bom para mim, essa mancha nunca será apagada. Como mulher eu não posso permitir que ela se apague jamais.





Quem mora em Fortaleza querendo ou não está sabendo da garota de 5 anos que foi raptada, estuprada e morta há uma semana. Para quem não sabe ou não mora em Fortaleza, vou contar o que houve (e por isso o post ficou tão grande). Alanis Maria estava com a família numa igreja do bairro Conjunto Ceará. Enquanto os fiéis se cumprimentavam durante o “abraço da paz”, um homem a levou do lugar e desapareceu. Nas horas seguintes a família da menina promoveu uma intensa mobilização no bairro, espalhando fotografias e dividindo-se em grupos para buscas juntamente com a polícia.
locadora com o sobrinho, por isso eu e a sogra ficamos nervosas já que não sabíamos o que estava acontecendo. Depois veio a notícia de que a criança havia sido encontrada. Chegamos inclusive a ouvir que ela ainda estava viva, o que não é verdade de acordo com as matérias que venho acompanhando. Ao contrário dos curiosos que foram ao local ver o cadáver ou mesmo a movimentação, Potô e eu ficamos em casa tentando pensar em outras coisas para afastar a sensação horrível que tomou conta de todos na comunidade.
da pele da criança. Mas a verdade é que esse tipo de crime é muito comum e constantemente praticado contra crianças negras, que estão em situação de rua ou sofrem os abusos em casa mesmo. É difícil não pensar no filme Tempo de matar quando o advogado de defesa do homem que matou os estupradores de sua filha (toda a família é preta inclusive a vítima. Já os estupradores são brancos) narra como todo o estupro aconteceu. Diante de um júri emocionado, o advogado diz: agora imaginem que a menina é branca. Acho incrível como o olhar dos jurados muda, perplexos. Porque sim, a cor muda o olhar da gente. Acho que isso não dá para negar. Se não deu para entender, recomendo ver o filme que é muito bom e baseado em fatos reais.
E vem jornal-circo dizer que precisamos proteger nossas crianças. Os mesmos que identificam constantemente na TV vítimas de abuso sexual ou mesmo mostram as imagens de adolescentes infratores, violando o Estatuto da Criança e do Adolescente que (vejam só!) foi criado exatamente para proteger nossas crianças. Reclamam em seus pequenos auditórios dessas pessoas que “querem proteger os pequenos marginais privando a sociedade de conhecê-los e usam a censura para barrar o trabalho dos comunicadores.”
todas. Porque se a gente quisesse de verdade proteger a todas elas, as mobilizações seriam intensas constantemente, o assunto jamais sairia das pautas jornalísticas e a polícia agiria rápido sempre. Essa pressão popular que é fundamental para concretizar mudanças, não se limitaria a acontecimentos como este que por alguma razão parece mais atrativo e emocionante do que outras centenas. Acho que por o acompanhamento da imprensa ter acontecido desde o início, deixando as pessoas ansiosas por um desfecho. Como se estivessem assistindo a uma novela. Uma pena que a mobilização estruturante seja apenas factual e limitada e seja tratada como mais um drama da vida real a ser esquecido em pouco tempo, juntamente com outros milhares de casos.


