quarta-feira, 29 de abril de 2009

Como vai a sua práxis?


Mais uma vez eu refletindo sobre conflitos existenciais. O da vez é a chamada práxis, termo grego muito usado na filosofia e que quer dizer algo como passar da teoria para a prática. Ou seja, não só ficar refletindo sobre o mundo, opressões e idéias e sim, trazer as questões e comportamentos libertários (no meu caso) para o cotidiano.

Só que da desconstrução à prática não é tão fácil assim. E aí eu me pego questionando minhas próprias atitudes.

Por exemplo: Lá vai alguém contar pra gente que a idéia de monogamia foi consolidada com princípios capitalistas, para que as riquezas acumuladas permanecessem na família. A própria igreja católica, por exemplo, é clássica. Os padres não podem se relacionar e casar para que os bens da Igreja não sejam compartilhados com os “civis” (rs). Mas é lógico que não é esse o discurso empregado, e sim, que os padres devem dedicar toda a sua vida a deus, e tal.

Aí eu paro e penso que realmente a teoria faz TODO o sentido. A monogamia instaurada não tem fundamento nenhum. Como o desejo sexual por outra pessoa pode significar diretamente que você não ama seu companheiro(a)? E a amizade, coisas compartilhadas, sentimentos em comum, vontade de estar junto... Tudo se apaga? Porque se relacionar sexualmente com outra pessoa significa uma traição?

E aí vai: um turbilhão na cabeça da gente. Mil pensamentos baratinando, a revolta por ter sido oprimida durante tanto tempo por uma sociedade que perpetuou valores que refletem relações de posse, etc, etc...

Mas como trazer isso para a prática? Quer dizer, só de pensar no meu namoradim ficando com outra pessoa, já dá uma dor no coração e no ego. Pensar em alguém que “traiu” o (a) companheiro (a), também já dá raiva. Pensar na possibilidade de desejar outra pessoa, ou pior, na possibilidade de efetuar esse desejo, dá um remorso imenso. Mas será que realmente desejar outra pessoa significa que não é amor e sim... outra coisa? E até onde enfrentar esses sentimentos não significa também uma autoviolência?

Um jogo de sentimentos mil, que se esbarram e que por mais que a gente tente, não aceitam se anular. Aí lá vai o anjinho conservador dizendo “Fique com ciúmes!”. Aí o diabinho libertário diz: “Deixe de ser besta, foi o sistema quem te convenceu que isso importa!” E a gente doidinha arrancando os cabelos.

Mas acho que pensar e refletir sobre o mundo é isso mesmo: se perder, se encontrar, se perder de novo... O importante é não parar de pensar, não aceitar tudo pronto e tentar construir relações de lealdade com quem se ama. Quanto à dor de cabeça... Bem, ninguém disse que seria fácil.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Across the Universe

Passando rapidamente para falar do filme maravilhoso que assisti hoje: Across the Universe. Trata-se de um musical montado inteiramente com músicas dos Beatles, e se passa na década de 60 e com contexto nos movimentos anti-guerra da época do Vietnã.

Se você assistiu Mama Mia, musical montado com músicas do Abba, e assim como eu odiou, não tenha medo. Across the Universe é muito inteligente e não submete seus atores a constrangimentos. Gente, Mama Mia é uma bomba! Tive vergonha pela Meryl Streep!

Mas voltando ao Across... Lindo, lindo e lindo! Emocionante, surpreendente e inteligente! São duas horas de filme, mas não cansa de jeito nenhum! E todas as músicas usadas são colocadas perfeitamente no contexto da história, não fica uma coisa doida e sem sentido. Você sabe que em musical, as personagens cantam mesmo. Cantando na chuva, Grease e Chicago, por exemplo, são ótimos musicais. Já Ritmo Quente, Escola de Rock e Jonnhy e June, apesar de ter muitas músicas, não são musicais, pois as melodias na verdade fazem parte da trilha sonora apenas. Não sei se deu para entender o conceito, espero que sim.
Outra coisa massa no Across: Fotografia. São uns efeitos especiais, umas montagens lindas. Além do visual das coreografias, muito bonito. Tem várias cenas com muita cor, dando impressão de colagem. Essas partes me lembraram um pouco Frida (se você não viu, corra!).
No mais, recomendo Across the Universe. Desculpem a minha pobreza de análise hoje, mas espero que levem a sério isso. Fãs dos Beatles, então... Eu mesma, tive aulinha de violão com o namorado depois do filme e estou aprendendo a tocar Hey Jude. Quanto à letra, ainda falta uma ajudinha do professor de inglês.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Supermercado Extra, me dê meu troco!

Desde o ano passado, quando uma colega da Faculdade escreveu uma matéria falando o quanto é lucrativo para grandes empresas o fato de nós, consumidoras (es) dispensarmos trocados no caixa. Tipo assim: uma coisa custa 1,99, você dá 2 reais e fica por isso mesmo. Soa familiar?

Então, o que acontece com esse dinheiro que sobra? Ele não entra na contabilidade do Imposto de renda, porque não fica registrado em lugar nenhum. Também não fica de gorjeta para o funcionário que está no caixa. Isso quer dizer o quê? Que nossa graninha aparentemente insignificante, representa um enorme bolo de dinheiro para os bolsos do patrão.

Então, desde que tomei conhecimento disso comecei a me educar para perder a vergonha e exigir TODOS os centavos do meu troco. Isso significa que passo alguns minutos a mais na fila do caixa, à espera das moedinhas. E também significa ar de desaprovação de muitos caixas, que se incomodam em ir atrás de “tão pouco”.

Só que apesar de alguns funcionários ficarem insatisfeitos, nunca tinha acontecido de alguém me desrespeitar. Até hoje.

Lá vou eu no Supermercado Extra, do Iguatemi aqui em Fortaleza, para comprar uma garrafinha de água mineral que custa... 0,89. Quando fui pagar no caixa, não havia fila e depois chegou uma senhora e ficou atrás de mim. Paguei com 1 real e a moça devolveu 10 centavos. Mas o correto seria ela me dar 11 centavos, percebe?

Aí eu disse: “ Tá faltando 1 centavo.” E ela respondeu com um sorrisinho sarcástico e debochado “Não tem moeda de 1 centavo na loja”. Aí eu disse: “Então porque vocês cobram 89 centavos numa coisa se não vão ter troco?”

Então ela, muito sorridente disse que chamaria a fiscal (com certeza não era da Receita Federal) e ficou jogando piadinhas e rindo com a cliente que estava sendo atendida atrás de mim. Ela chegou a dizer que não existiam mais moedas de 1 centavo. O outro caixa, um rapaz, também ficou rindo.

Ô povo bem-humorado!

Aí eu fiquei irritada com aquele deboche e disse que queria falar com a (o) gerente. Ela disse que já tinha chamado e que eu teria que aguardar. Eu me toquei que ela tinha chamado a fiscal, e não a gerente, mas resolvi deixar AQUELE barraco que estou ensaiando há algum tempo para outro dia porque senão ia me atrasar.

Quando chegou a mocinha de patins, a moça do caixa disse: “Mulher, tu tem aí um centavo?” no maior tom de olha-só-o-essa-louca-quer-e-claro-que-não-tem-aqui! Aí a mocinha abriu a pochete (é o novo!) e tirou uma moedinha linda, reluzente! Aí ela entregou para a moça do caixa, que me entregou e eu disse num tom 1 milhão de vezes mais debochado: “Olha! Não é que tem??!!!” E ela ficou emburradinha, de cabeça baixa.

Então, não foi muito correto eu ter tirado sarro de volta porque a própria funcionária provavelmente não tem consciência do que acontece. Ela mesma deve viver dispensando moedinhas por aí, sem perceber o quanto estão nos passando para trás. Só que eu estava irritada e atrasada, então acabou acontecendo. E já foi difícil me educar para perder a vergonha de exigir as moedinhas, imagine para conscientizar gente rindo da minha cara. É um processo. Mas o ideal seria que todo mundo ficasse consciente desse absurdo que as grandes redes promovem. Porque eles cobram os preços quebradinhos assim justamente para a gente dispensar o troco. E aí fica a caixa do Supermercado se doendo pelo patrão que não sabe nem o nome dela...

Uma dica: se você passar por isso e vierem te dizer que 1 centavo não é nada, exija 5! Aí você vai pegar o troco de outros 4 clientes anteriores. E ameace processar por quebrar o Código de Defesa do Consumidor, você tem direito. E em direito, ninguém tasca!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Antigo blog aposentado


Pensei bastante e devido ao abandono já executado, resolvi aposentar de vez o Amélia já Era!, blog que fiz ano passado para a disciplina de Jornalismo Digital e de temática diretamente ligada ao feminismo.


Resolvi deixá-lo para trás por basicamente duas razões: Primeiro, acho que acabei engessando demais o tema ao feminismo, e acabava não tendo liberdade para escrever sobre meu dia-a-dia, e outras coisas pessoais, por exemplo. E aí eu precisava manter dois blogs atualizados, o que é bem difícil. Aqui tem feminismo e viagens minhas, então tá ótimo.


Segundo: Acho que "Amélia já era!" negativa muito a imagem da Amélia. E eu pensei mais nisso quando estive no Fórum Social Mundial e numa das oficinas uma guria arrasou na fala sobre feminismo. E o nome dela era Amélia. Quer dizer, acho que a gente tem que ajudar as mulheres e não "acabar com elas", né? Claro que ao criar o nome do blog eu não estava nos atacando, mas as funções sociais que nos são impostas. E como a professora queria um nome daqui para a semana que vem, eu inventei esse.


Mas é uma pena, porque sinceramente eu acho lindo o blog. O visual dele ficou muito bonito e eu caprichei nos textos. O visual deste aqui ainda não está acabado, eu queria dar um colorido mais bacana, sempre enchendo de desenhos meus e funções na barra à direita. Mas quando bater a inspiração, acontece.


Quanto ao Amélia já era!, nunca se sabe, né? Vai que ele volta...?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Armadura: tirar ou não tirar?

Estive pensando em um dos meus maiores defeitos: o orgulho. Na verdade, acho que não é só um dos meus maiores defeitos, é também uma qualidade, já que muitas vezes o utilizo como forma de defesa. O problema é quando esse orgulho é exagerado e acaba me deixando presa em minha própria carapaça.

Tem muitas coisas que um orgulho exagerado e até mesmo combinado com excesso de rancor me causam. Fico fechada para as pessoas, ou seja, não deixo que se aproximem. Também posso ficar remoendo pequenas bobagens, gastando uma enorme energia em algo que não vale a pena – a aí como eu queria seguir os ensinamentos nietszchianos, de conseguir deixar para trás as mágoas.

Também é muito difícil quando acontece de alguém de quem eu sempre me defendi precise de mim. Imagine só: o medo de se aproximar, ajudar e aí se pôr numa posição vulnerável e... acabar magoada de novo. Nossa! Chega a ser uma tortura pensar em algo assim.

E quando os sentimentos se invertem e eu não consigo ter orgulho o suficiente? Sim, já aconteceu (e muito). Você ama muito determinadas criaturas. Aí elas vão, te magoam. Você se abre, explica o que te chateou, desabafa, perdoa... e acontece mais uma vez. E de novo, de novo, de novo... E a cada vez que a situação se repete você pensa no quanto foi difícil se abrir e no quanto parece que isso não importa (como pode?) para os seres “magoantes”.

Nossa!! Tem noção o que é isso? Uma pessoa conseguir se despir do próprio orgulho, uma atitude que representa um tesouro. Quer dizer, quando um canceriano-carangueijo-até-a-veia fizer isso por mim, eu vou saber o quão precioso é. E parece assim que cospem no que você está dizendo, e eu até penso se realmente determinados seres ligam para o que podem representar na minha vida.

Porque até quando as pessoas merecem ser perdoadas? E – muito importante – até onde elas realmente querem seu perdão? Fico pensando nas vezes em que perdoei alguém por algo e ao me perguntar se fulan@s pediram uma nova chance... Acho que eu dei por iniciativa própria! Ninguém pediu!

Porque às vezes você (leia-se eu) cria fantasias de “amizade para sempre” e não-sei-o-que-mais e fica sozinho na própria lombra. Talvez o povo queira mais é se ver livre e manda todos os sinais não-verbais e desumanos possíveis, mas mesmo assim eu ainda me pego lembrando com saudades de antigas tardes jogando xadrez, partidas de Twister ou Guitar Heroe, madrugadas de conselhos, conversas jogadas fora ao telefone e enooormes xícaras de café.

E por mais que já tenha tentado me convencer um milhão de vezes de deixar o povo para trás, ainda me pego pensando em dar um telefonema. Mas aí, me agarro ao meu orgulho mais uma vez. E agora com muito mais força. Porque tem umas porradas que doem demais e dão medo de apanhar de novo.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Sherviajando... de avião!

Post-imagem-manuscrito que fiz no hotel lá em São Paulo, no primeiro dia do Seminário Mulher e Mídia. Só estou postando agora porque tinha perdido o arquivo do scanner, mas o encontrei ontem. Infelizmente ficou muito pequeno, não sei porquê, mas espero que dê para ler. Outra opção é salvar a imagem e depois ver com zoom.






quarta-feira, 1 de abril de 2009

Como minha Frida morreu - parte 2

Depois, conversei com as duas veterinárias que haviam ajudado (a primeira é a Mecila e a segunda, a dra Miriam, do Hospital Veterinário) e elas disseram que a história do anticoncepcional foi muito errada. Que SÓ QUEM PODE APLICAR INJEÇÃO E RECEITAR REMÉDIO É O VETERINÁRIO. Isso eu não sabia, foi realmente ignorância. Elas disseram que eu posso inclusive denunciar o pet shop para o Conselho de Veterinária.


Então, se você tem um animalzinho e realmente o ama (aliás, senão o ama não deveria nem tê-lo) muito cuidado. Esse povo de pet shop muitas vezes aprende a dar injeção e acha que sabe o que está fazendo. A dra Miriam me disse que isso acontece de vez em quando, e que no dia que algum for preso, pode ser que parem de matar os bichinhos. Aliás, a partir de agora eu ODEIO essas pessoas que fazem isso, de abrir um negócio e não ter consciência nem responsabilidade sobre o que fazem. E se não os odiava antes, é porque não sabia que o que faziam era errado.


Agora, quero muito agradecer ao esforço de todas as pessoas que ajudaram a mim, minha família e à Frida nesses momentos difíceis. Primeiro à dra Mecila, dona do Late&Mia, uma clínica/pet shop no Antônio Bezerra. Ela foi muito legal, fez preços camaradas pra gente, pois sabia que estávamos em situação muito difícil. Depois coloco o telefone da clínica no blog. Mecila, muito obrigada!


Ao pessoal do Hospital Veterinário, na Messejana, que foi muito atencioso, carinhoso com a Frida e também me respeitaram muito. Eu estava muito, muito mal e eles foram muito sensíveis em relação a isso. Tem gente que ri porque você está de luto ou triste por causa de um bichinho de estimação. Tenho pena dessas pessoas. Mas o pessoal do hospital foi bem diferente. Dra Miriam, Liliane e Zacarias, muito obrigada!


O telefone lá do Hospital Veterinário é 3276-3035. Fica aqui em Fortaleza, no bairro da Messejana, na "Estrada do Fio" ou "das Tapioqueiras". Lá, a dra Miriam tem muitos animaizinhos abandonados esperando por adoção. E quem adotar algum, tem veterinário de graça para o resto da vida do bichinho, viu? Se você quer ter um animalzinho, não o compre no pet shop (isso eu acho outra prática criminosa), pois tem muitos bichinhos esperando por um lar. Aliás, todos lindos, e eu fiquei apaixonada por uma cadelinha cega. Linda e muito doce! No Hospital também aceita cartão de crédito, só para constar.


Agradeço também à Mariana Baraldi, por ter me dado uma forcinha quando liguei pra ela perguntando o que fazer. Ela faz um trabalho social massa, com bichinhos abandonados e também indica animais para adoção. No orkut dela é divulgado este blog como da ong da qual faz parte. Está desatualizado, mas dá para ter uma idéia do trabalho que ela faz.


E também quero agradecer ao meu namorado Potô, que mesmo não podendo estar comigo fisicamente o tempo todo, por problemas pessoais também muito sérios, me fez um milhão de ligações de força e apoio, e acompanhou tudo que aconteceu. Além disso, me acolheu na casa dele, pois não tive coragem de voltar em casa ainda desde que a Frida morreu. Brigada, filho! Eu te amo!


No mais, tenho sofrido bastante e chorado muito. Estou tentando melhorar, mas é bem difícil. Ontem fui ao salão de beleza cortar cabelo e fazer outras coisinhas para dar uma animada e até melhorei bastante (a pessoa se rendendo a consumo e padrões de beleza...). E eu sei que jamais esquecerei a Frida.


A dra Miriam me disse que nós não perdemos tempo pois levamos ela logo ao veterinário. Isso me conforta um pouco, pois acho que fiz o que podia para salvar minha gatinha, apesar de sempre achar que podia ter sido diferente.


Outra coisa em que pensei muito: comprar uma dessas caixinhas de transportar animais. Teria sido muito útil para levar Frida ao veterinário de forma mais confortável para ela.


E para terminar esse enorme post, a vida continua.


E para os próximo posts, prometo novidades mais felizes.

Como minha Frida morreu - parte 1

A respeito do último post, preciso contar que o fim de semana foi péssimo por causa de uma coisa terrível que aconteceu. A minha gatinha linda e muito amada, a Frida, morreu no domingo.


No fim de semana anterior, havíamos dado os dois filhotinhos dela já que eles praticamente já estavam desmamados e comendo ração. Ela os teve há três meses, portanto já não tinha problema separá-los.

Ela ficou meio tristinha, e acho que isso pode ter contribuído pra que ela ficasse doente. No meio da semana, minha mãe desconfiou que ela havia entrado no cio, já que estava miando e se empinando pela casa (ela ficava tão engraçada no cio). Então minha irmã a levou num pet shop que acabou de abrir perto da minha casa e lá disseram que ela podia tomar um determinado anti concepcional já que o "fenômeno" havia começado há pouco.


Foi dada a tal injeção, e dois dias depois a Frida parou de comer. No sábado pela manhã, já preocupadas, eu, minha mãe e minha irmã estávamos procurando um veterinário para levá-la. De repente ela deu uma convulsão na nossa frente! Ficamos desesperadas (aliás, minha mãe é a última pessoa que quero perto de mim numa emergência já que ela consegue potencializar qualquer estresse) tanto pelo sofrimento dela, quanto por achar que ela morreria ali mesmo.



A convulsão demorou alguns segundos e depois passou. Ela estava muito mole, tadinha. Também miava um pouco, parecia que estava com dor. A levamos na clínica de uma amiga do meu namorado e ela deu vários remedinhos e soro na veia, já que ela estava sem comer. Depois ela deu Gardenal para controlar as convulsões. Inclusive, eu fiquei impressionada em saber que bichinhos podem tomar vários remédios de gente. Claro que o veterinário é quem receita, tudo em doses menores e muitas vezes sendo a versão pediátrica do medicamento.


Só que aí ela teve mais convulsões e foi necessário aumentar a dose do Gardenal. A gata ficou muito mais mole, tadinha, mas o problema dos ataques parecia ter cessado. A levamos para casa com muito remedinhos para dar e com a esperança de que o apetite dela voltasse. A veterinária achou que ela podia ter epilepsia, e que isso era genético e talvez ela precisasse tomar Gardenal para o resto da vida.

Outra possibilidade seria a Frida ter levado uma queda e batido a cabeça, daí as convulsões. E por último, dela ter sido envenenada. Essa eu duvidava, já que ela nunca saía de casa. Mesmo quando acabou saindo foi muito rápido e já estava meio doente. Ainda assim, a veterinária passou antídoto e antitoxico.

Sobre o anticoncepcional, a veterinária disse que a marca que aplicamos (esqueci o nome mas depois procuro) não poderia ter sido dada durante o cio apesar de ser de uma marca muito boa. Só que ela duvidava que o problema tivesse sido em relação à injeção, pois anticoncepcionais poderiam dar problemas a longo prazo, e não assim, tão rapidamente. A pele da Frida, sob o pêlo, estava azulada. A veterinária achou que podia ser da injeção do anticoncepcional e que com os dias ia passar. Também podia ser anemia e queda das plaquetas no sangue.

Depois que levamos Frida para casa, no sábado à tarde, ela continuou sem comer. Estava muito mole e ficava pior depois que eu dava o Gardenal, que evitava que ela tivesse novas convulsões. Conversei a manhã de domingo toda com a Mecila (a veterinária), que me dava instruções do que fazer. Quando a Frida vomitou, ela ligou para um hospital veterinário perto da minha casa e disse que eu iria pra lá. Já adiantou para a doutora de lá qual seria o medicamento e quanto eu pagaria (a gente tinha pouca grana, e estava em desespero).



No hospital, a doutora Miriam achou que ela tinha infecção no útero por causa do parto, e com a injeção de anticoncepcional dada, havia desencandeado a doença. Apesar de tudo estar muito ruim, eu tinha esperança de que ela se salvasse e a gente fosse levar para fazer exames, ou até cirurgia para a retirada do útero. Só que algumas horas depois, tomando remédio aquecido (a temperatura dela estava baixando muito), ela não resistiu e morreu.

Foi um dos piores momentos da minha vida. Eu já estava chorando muito desde o sábado, mas ali a dor era tanta que tudo aumentou. Eu não acreditava que tudo podia ter acontecido tão depressa, que a minha gatinha, tão linda, carinhosa e saudável havia acabado de morrer. Foi realmente muito triste.