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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Coletores menstruais




Bem, o assunto é muito íntimo: menstruação. Quem tiver estômago frágil, aconselho a sair deste post sangrento imediatamente. Já se você é mulher e se importa com o meio ambiente, fique. Se você é homem e conhece alguma mulher que sofre com absorventes comuns, talvez queira compartilhar essa informação com ela.

A minha menstruação sempre foi razão de tormento pra mim. Desde os meus 10 anos, que foi quando menstruei pela primeira vez, ela me causou uma cólica absurda, que todos os meses me deixou de cama pelo menos um dia. E não era só a dor: junte a isso frio, dormência nas pernas e pressão baixa. É, eu sei. Muito Tarantino. Indo ao ginecologista todos os anos, só o que eles me passavam era analgésicos, nada que prevenisse a dor.

Alguns anos após a adolescência, a cólica ainda me ataca, só que bem mais leve. Mas um problema continua: alergia a absorventes comuns.

E aí que em 2011, resolvi fazer algo de diferente. A Carolys, minha colega de trabalho gavetteira e vegetariana me apresentou os coletores menstruais. São copinhos de silicone que se encaixam dentro da vagina, mais ou menos da mesma forma que os absorventes internos, aparando o sangue menstrual. Só que com eles, o sangue não fica em contato com nosso corpo, ao contrário dos absorventes comuns.

Outra diferença é que eles podem ser usados por até 12 horas seguidas, e segundo a Carolys, você o esquece completamente, pois são super confortáveis.

E o que o meio ambiente tem a ver com isso? Pois é, esse copinho não é descartável. Lavando-o com sabonete antisséptico e escaldando, pode usar de novo. E pasmem: se for bem conservado, ele pode durar por até 10 anos! Imagine a economia e a quantidade de absorventes que deixamos de jogar no lixo. É muita coisa.

Recentemente eu pedi o meu pelo site Guia Vegano, e custou 60 reais + frete. Nesse site você encontra muitas coisas que prometem ajudar o meio ambiente. A entrega pelos Correios atrasou um pouco, mas o responsável do Guia Vegano foi muito simpático, me ajudando e conversando diretamente comigo através do GTalk. Segundo ele, se demorasse mais eles enviariam outro copinho.

Ele vem com instruções de uso e uma sacolinha fofa, de tecido. Nas instruções há conselhos para que se escalde o objeto sempre, por isso comprei um papeirinho só para isso. Mas de acordo com a Carolys, se precisar esvaziar no dia a dia, lavar com sabonete antisséptico é suficiente. Nas instruções também diz que não se deve guardar o copinho em potinhos fechados hermeticamente, somente em bolsinhas de tecido ou necessaries mais ventiladas.

A bolsinha bonitinha que veio com ele.

Esse compridinho não é um canudo, rs, é como se fosse o cordãozinho do absorvente interno, mas você corta e deixa do tamanho que achar melhor. Para tirar, a paradinha para puxar nem é o mais importante, e sim uma forcinha mesmo. Não tem cordãozinho do lado de fora, ao contrário dos absorventes internos.

O material é maleável, daí uma das formas de colocar é dobrar ele desse jeito. Depois ele vai abrir, encaixando como se fosse um desentupidor de pia.


Eu ainda não testei o meu, mas segundo a Carolys, que tem o dela há vários anos, não tem nem comparação com os absorventes comuns. Além de confortável, dá para dormir sem calcinha, praticar esportes e além disso, evita infecções brabas que você pode adquirir se utilizar o absorvente durante muito tempo. E ela tem amigas que usam também, então acho que foi uma boa compra. Para quem interessar, #ficadica.

E eu prometo não fazer piadinhas etílicas sobre bloods mary’s.


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Perfeitas

Uma das coisas que mais gosto nesses tempos de Internet é a democratização das produções de conteúdo. Apesar de ter muita bobagem, coisa feita a esmo e na base da pretensão, também tem muita coisa boa.

Em se tratando de moda, os blogs fazem uma coisa incrivelmente simples, mas ao mesmo tempo super inspiradora. Desde o sucesso da Cris Guerra e o Hoje Vou Assim, o simples ato de mostrar o look nosso de cada dia revela a criatividade de gente de muitos lugares. E aí descobre-se que somos capazes de combinar cores, fazer sobreposições, resgatar peças velhas do guarda-roupa. Gente comum, simplesmente compartilhando fotinhas um tanto narcisistas mas super divertidas de se fazer e mostrar.

Ah, e nem precisa ter tanta grana assim. A Ana Carolina, do Hoje Vou Assim Off, inspirou-se na Cris Guerra e mostra seus próprios looks, porém montados com peças de lojas de departamento, itens comprados em feiras, coisinhas desenterradas do guarda-roupa, etc. Gente como a gente, ela tem problemas financeiros e tenta mostrar formas de usar as mesmas peças de roupa de formas diferentes. Fashionisses sustentáveis.

Nos blogs de moda, pessoinhas comuns, fora do padrão inalcançável de beleza. Gente sem photoshop, muitas sem câmera profissional ou tripé, que tem rugas, olheiras, cabelo fora de corte, veias aparentes nas mãos e pés, esmalte descascando...

Adoro todas essas imperfeições, porque tornam a expressão através do vestuário muito mais real e palpável. Mostram que bom gosto e criatividade vão além de toda a montanha de laquê e maquiagem dos anúncios, desfiles de moda e capas de revistas. E que ao invés de se estressar ao montar produções em que escondemos defeitos, podemos nos divertir mostrando o que há de imperfeito e real.

E assim como a Cris Guerra, somos todas nossas princesas, se quisermos. E escravas libertas também. Somos jovens, somos idosas, somos LGBTT, somos hetero, negras, asiáticas, brancas, indígenas, urbanas, rurais, estudantes, ciclistas. Somos heroínas de nossas histórias e das histórias de outras mulheres, e não apenas um pedaço de tecido ou sapato mostra isso.

Nossa carga está nas rugas, nas fotos sem foco, no nariz imperfeito, nos quilos a mais. E para que escondê-los? Muitas vezes eles são o que há de mais original e único em nossos looks.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Vídeo do Projeto #Eu sou gay já está no ar

Há algum tempo postei por aqui a minha fotinha aderindo ao Projeto #Eu sou Gay. Para quem não lembra, a intenção era enviar uma foto na qual a pessoa segurasse uma plaquinha ou algo assim, na qual estivesse escrito “#eusougay”. Para participar não precisava ser necessariamente gay, a ação era na verdade uma forma pacífica de se colocar a favor de um mundo mais colorido e livre de intolerância.

A intenção era reunir muitas fotos num vídeo, que por sinal já está rolando na Internet! Infelizmente a minha foto não foi selecionada L, mas mesmo assim achei o resultado muito lindo. Dá uma felicidadezinha muito boa ver coisas assim. Acho que vou fazer de conta que faz parte do meu presente de aniversário hehehe.


sexta-feira, 1 de julho de 2011

25 anos: sonhos, sangue e América do Sul

Meu aniversário foi no dia 28 de junho e eu nem escrevi nada a respeito. Na verdade, não tenho escrito muitas coisas de cunho pessoal ultimamente, apenas textos relacionados ao meu trabalho. É que mais uma vez a tecnologia não está a meu favor: meu computador não liga há bastante tempo, então no pouco tempo que tenho livre falta tecnologia. “Mas por que você não escreve à mão e depois publica?”, você há de perguntar. Sei lá. Essa é a minha resposta.

Mas voltando ao assunto do meu aniversário, há duas razões pelas quais fico muito contente por ter nascido no dia 28 de junho.

A primeira é porque coincide com o aniversário de um dos maiores poetas muito loucos do Brasil: Raul Seixas, o Raulzito. Um célebre canceriano.

A segunda razão é porque há 42 anos, em Nova Iorque, um grupo de LGBTT cansou dos abusos da polícia e resolveu revidar. O cenário foi o bar Stonewall, muito freqüentado pela galera do arco íris, e onde a polícia costumava ir para espancar e extorquir os freqüentadores.
No dia 28 de junho de 1969, mesmo dia em que uma musa da população LGBTT Judy Garland (Doroth, de o Mágico de Oz) morreu, o grupo que estava no bar não aceitou as agressões costumeiras da polícia. Os guardas foram expulsos do local sob uma chuva de pedras, garrafas e até moedas e os freqüentadores montaram uma barricada na rua por dias.

Dentre a resistência haviam também mulheres lésbicas e bissexuais, embora algumas insistam em até hoje não visibilizar as fêmeas dentro desse movimento. Tsc, tsc.

O episódio de 28 de junho de 1969 é conhecido como o Levante Stonewall, e é tido como um dos primeiros movimentos de resistência política do movimento LGBTT. Após o levante começaram as paradas pelo orgulho gay nos Estados Unidos. Algumas décadas depois, as paradas já acontecem em várias partes do mundo, inclusive no Brasil.

E euzinha aqui acabo nascendo em outro 28 de junho, só que em 1986. Nem sabia que essa data significava tanto para a galera do arco-íris, nem para a galera do rock. Mas a paixão pela música e principalmente, a aversão à intolerância sempre estiveram de alguma forma presentes em minha personalidade. Só descobri que o 28 de junho era o dia do Orgulho Gay, ou dia da Consciência Homossexual, que hoje é chamada de Dia Mundial de Luta pela Diversidade, quando eu tinha por volta 15 anos, mais ou menos na época da primeira Parada aqui no Ceará.

Apesar de já ter passado meu niver, ainda aceito presentes atrasados: que tal um mundo mais tolerante? Que tal mais respeito com o que é que diferente? Taí um presentão que eu faria questão de dividir.

sábado, 28 de maio de 2011

Encontro de blogueiros no Ceará


Estou participando do Encontro de Blogueiros no Ceará (clique para assistir ao vivo), hoje e amanhã, aqui no Cuca Che Guevara, em Fortaleza. Pela manhã, tivemos palestra com vários blogueiros e jornalistas, dentre eles o Paulo Henrique Amorim e a Georgia Pinheiro, da TV Record e do blog Conversa Fiada, onde postam críticas políticas. Quando cheguei, as falas dos outros palestrantes já haviam passado e peguei o finalzinho da fala do Paulo Henrique Amorim e as perguntas da plenária, maioria direcionadas a ele. Ele falou basicamente do contexto dos blogs que não tem medo de fazer críticas severas ao cenário político e como a maioria deles já foi processado, inclusive o Conversa Fiada. Criou-se um clima de status "diferenciados" para os "blogs sujos", os que já foram processados, ao que o jornalista anunciou: "Diga quem te processa e te direi quem tu és". E mais, em tom de meia brincadeira: "Os blogueiros que ainda não foram processados providenciem um processo imediatamente!".

Sei lá, acho fácil falar. Se você já tem o nome consolidado no mercado da comunicação, e principalmente, grana para pagar advogado, é fácil não ter medo e até se gabar de ser processado. Agora para as foquinhas cearenses, que desejam viver de jornalismo, conseguir emprego num mercado coronelista como este, é outra história. O próprio jornalista, diante da pergunta da Lola Aronovich, que criticou o jornalismo da rede Record, admitiu que se trata de uma meia liberdade e até mesmo a ética profissional o impede de criticar a Record no blog. Mesmo que não tenha nenhuma ligação com o Portal R7. Pena que as incrições terminaram antes que eu pudesse fazer minha pergunta ao Paulo Henrique, que seria justamente nesse contexto dos recém formados, e não só de criticar a própria empresa em que se trabalha publicamente, mas sei lá. O que aconteceria se o Paulo Henrique defendesse a legalização do aborto ou o kit anti-homofobia no Conversa Fiada, por exemplo? Como ficaria a liberdade de expressão, nesse caso? Ou melhor, cadê ela, nesse caso?

Aconselho que todos participem de encontros como este, principalmente quem trabalha na área de comunicação. E não falo só de redatores não, todos os profissionais envolvidos no processos de disseminação de informação, precisam participar de encontros que discutem democracia. Porque senão a gente acaba vivendo só pelo contra-cheque e esquece a importância social da nossa profissão.

Mas utopias à parte, algumas imagens do Encontro, tiradas na minha humilde câmera.


Palestrantes

Palestrantes

Paulo Henrique Amorim

Eu e Lola Aronovich, do Escreva Lola Escreva

Almoço com outros encontristas

domingo, 1 de maio de 2011

Tênis sapão + All Star xadrez

Ultimamente tenho colocado por aqui algumas compras que tenho feito. Pois é, quem vê jura que a nega tá ricah, mas somente o cartão de crédito entende de verdade as emoções. Há poucos dias comentei sobre as cartucheiras, um acessório muito útil para andar de skate. Agora quero falar sobre o sapato mais apropriado para a prática desse esporte: o horroroso tênis sapão.













Pois é, nunca pensei que um dia usaria essa coisa estranha. Principalmente porque eu sou magrela demais e esse modelo de tênis dá a impressão de que a gente tem o pé enorme. A real é que eu sempre achei muito feio. Só que o amorzão explicou que o material desse tipo de sapato é mais resistente às manobras, pois quando a parte de cima do tênis passa pela lixa do skate, a tendência é de rasgar o sapato. Mesmo eu, que sou iniciante e ainda nem sei bater um oli, já deixei meu velho All Star rosa bastante danificado. E além do material mais forte, a sola do tênis sapão é completamente aderente à lixa, dando mais precisão e controle dos movimentos.

Isso na verdade é muito relativo. Já cheguei numa loja de tênis/skate e soube de pessoas que preferiam andar de All Star, chegando a substituí-lo sempre que o tênis ia dessa para uma melhor. Só que eu teria muita pena de entrar numa vibe de All Star descartável, e além disso, o tecido meio jeans quase sempre me machucava.

E como sempre tive aversão a deixar meus pés com cara de fusca, não queria nem mesmo experimentar os tênis sapão. Mas um dia encontrei um baratinho e calcei, e foi aí que decidi comprar um. O troço é feio mas é completamente confortável. Parece que você está calçando uma almofada beeem fofinha. Então deixando as aparências de lado e ligando mais para o conforto, ontem comprei o meu.






Esse modelo teoricamente é masculino (até porque masculino e feminino é tudo teoria). Eu o escolhi porque achei que o preto seria bem básico, combina com tudo e talvez até dê para ir trabalhar com ele. E eu não entendo porque raios que esses designers acham que só porque a gente é mulher TUDO tem que ter florzinha, estrelinha, coração, lantejoula, glítter e mais meio mundo de frescuras. E numa cartela de cores arco-íris, como se o tênis tivesse vindo de brinde com a Polly. #cruzcredocredocruz

O novo tênis sapão vai ajudar a poupar o novo All Star xadrez-fofo adquirido. Esse sim, junta conforto e boa aparência. Adorei a vibe nerdice britânica.





Ambos custaram R$ 99,99 na Centauro do North Shopping, aqui em Fortaleza, e eu continuo quase sem sandália no armário. Ai, ai, meu cartão...



terça-feira, 26 de abril de 2011

Quem tem medo de ser fashion?

Brüno, com Sacha Baron Cohen. Sátira com o mundo da moda, homofobia e outros assuntos polêmicos. Crítica aqui e aqui.


A moda é um fenômeno que me fascina. Às vezes eu a odeio. Acho fútil, superficial, e um completo estímulo ao consumo alienado e desenfreado. Já em outros momentos, ela me seduz e me oferece possibilidades de expressar através de meu próprio corpo traços de minha personalidade. Se em alguns momentos isso é apenas pretexto para o consumo, em outros se torna um estímulo para reinventar antigas peças e acessórios.

Antes o meu olhar sobre a moda era completamente nojento. Achava tudo um monte de besteira e odiava o jeito como as mulheres se iludiam, se achando as poderosas por causa de um sapato novo, por exemplo. E isso com toda a violência contra as mulheres truando, a lógica do patriarcado tomando de conta. Quer dizer, você fica se achando porque pintou as unhas de vermelho mas não consegue contestar por que as obrigações domésticas são prioritariamente suas? Ou não aceita a própria aparência, não contesta os padrões de beleza impostos? Grande poder. Para mim, gostar de moda era sinônimo de gente alienada.

O meu olhar sobre esse fenômeno social mudou na época da minha monografia. Li muito sobre relações de gênero durante esse período e também sobre moda. Não só as revistas femininas que eram o objeto da minha pesquisa, mas livros a respeito da moda, seus fundamentos e sua trajetória no decorrer da história.

Dessas leituras, uma das que mais gostei foi História da moda: uma narrativa, do professor de moda João Braga. De uma forma rápida, fluida e interessante, o autor mostra como a moda reflete o contexto socioeconômico e político em que está inserida. Além disso, ela reflete de forma bastante significativa a história das relações de gênero, às vezes reprimindo as mulheres, às vezes libertando-as. Infelizmente tive dificuldades de encontrar o livro na Internet, mas neste site tem pelo menos o preço, caso alguém se interesse.

Um dos pontos mais importantes a serem observados em relação a moda e ideologia, na minha opinião, é que uma não anula a outra. E mesmo a pessoa mais anti-moda e anti-consumo do planeta escolhe o que vai vestir. Sabe aquele roqueiro barra pesada que anda sujo e diz que não liga para a aparência? Dê para ele uma camisa do Aviões do Forró e veja se ele gosta. Ou talvez o comunista assumido e que prega o reaproveitamento e o sentimento anticapitalista não queira usar uma camisa com a estampa da Coca-Cola. Nem de graça. Inclusive, expressar idéias através de mensagens nas camisetas é uma forma válida e interessante de se colocar politicamente, não acha?

A moda permite um exercício de criatividade muito interessante. Pode ser divertida, pode ser irônica. Pode até ser over, se quiser. Não tem nada de errado em escolher o que se quer usar. O fato de gostar de moda não necessariamente quer dizer que a pessoa é vazia, alienada. Isso é besteira.

Você pode sim, querida, ser doida por sapatos. Isso não depõe contra você. Mas reflita sobre esse consumo e sobre sua situação no mundo. Você está com um sapato incrível, mas ainda anda na rua com medo de ser estuprada, é expulsa de universidade por usar um vestido curto demais, e ainda apanha do marido? Pois não pense só no pretinho básico, veja se seus direitos básicos estão contemplados e aja. Porque sapato por sapato, o único que conheço que já salvou alguém foi o da Doroth , de o Mágico de Oz. E ela teve que dar uma ajudinha.



quarta-feira, 6 de abril de 2011

Preconceito afeta saúde de mulheres lésbicas e bissexuais


Que o preconceito não está com nada todos nós estamos carecas de saber. Mas as consequências para quem sofre discriminação podem ser mais sérias do que pensamos. O site Delas publicou uma excelente matéria sobre como as mulheres lésbicas e bissexuais tem mais problemas de saúde e menos acesso a exames ou hábito de irem ao médico.

Segundo a matéria, devido ao preconceito que sofrem elas tem mais tendência em utilizar cigarro, álcool e drogas ilícitas, pois encontram nesses caminhos uma válvula de escape. E com a auto estima baixa, os entorpecentes tem efeitos devastadores. Além disso, as mulheres lésbicas e bissexuais costumam ir menos ao médico porque sentem-se constrangidas por a maioria dos profissionais estarem despreparados para atendê-las. As consequências são perigosas, pois esse fatores as tornam mais suscetíveis a adquirirem câncer de mama, obesidade e HPV, entre outros males.

Fora que existe uma grande falta de informação. As campanhas de prevenção às DSTs, por exemplo, são fortemente voltadas a relações heterossexuais. As lésbicas não são orientadas sobre como se prevenirem, nem tem recursos próprios para elas. Tanto que elas precisam adaptar a camisinha masculina para se prevenirem. Sabia que as lésbicas precisam ter uma camisinha masculina e uma tesoura para fazer sexo seguro? Pois é, precisam. Elas precisam cortar a camisinha em forma de quadrado para formar uma barreira na frente da vagina, para evitar o contato direto. Muita logística e pouca humanização.

#Ficadica para as pessoas que não entendem as relações sociais como um contexto complexo e cheio de facetas, e como o preconceito está relacionado inclusive à morte dos que sofrem discriminação. E como muitas vezes essas pessoas estatisticamente corretas só acreditam em dados e números, a matéria está rica em estatísticas. Para ninguém dizer que é frescura e paranóia dos politicamente corretos.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Critica – Julie&Julia (parte 3)


Confira as partes 1 e 2.

Um brinde à igualdade!


Claro que sei que cozinhar e servir o marido é um papel instituído para as mulheres. Acho que é o mais clichê deles, inclusive. Mas o filme trata de algo para muito além disso. Julie e Julia se casaram com homens incríveis, absolutamente maravilhosos. Eles as apoiaram em todos os momentos e não se sentiram nem um pouco ameaçados diante do brilhantismo das esposas. Eram verdadeiros companheiros, não apenas maridos.

A história de Julia Child é mostrada de forma muito perfeita, porque tem um pouco do que seria a Julia que Julie Powell imagina. Por isso, não é retratado nenhum momento de conflito entre ela e Paul, o marido. Uma das cenas prediletas da diretora Nora Ephron (assisti com comentários também), é o momento em que Julia Child diz ao marido que vai aprender a fazer chapéus. Primeiro ele faz uma cara de quem pensa "que que tem a ver", mas em seguida resolve deixar a esposa curtir e diz: "Você gosta de chapéus". Tudo que ele queria era que ela fosse feliz, e às vezes isso é raro numa união, um homem querer ver sua esposa feliz. Principalmente se a felicidade dela depender de uma boa dose de autonomia.


Já Julie é muito mais humana e vulnerável. Ela faz drama quando a comida queima, é obcecada, teimosa e um pouco individualista. Inclusive nesse momento a interpretação de Amy Adams (Encantada) é perfeita, porque ela é aquela coisa linda e pequenininha com cara de chata. Dá vontade de dar um beijinho no nariz dela só para ver ela irritada. Num momento de conflito, ela e o marido brigam e ele chega a sair de casa. Mas a briga não tem fundo machista.

Em todo o filme as mulheres são protagonistas. Tudo é sobre as personagens principais. Tem até um momento em que Julie comenta que não gosta das amigas e a amiga dela, Sarah, diz que isso é absolutamente normal. Daí o marido de Julie diz "Os homens gostam dos maridos". Ao que Sarah responde: "E quem aqui está falando dos homens? Ningém está falando de homens aqui." Acho que foi uma alfinetada da roteirista.

O filme mostra dois exemplos do que acredito ser um casamento perfeito: uma relação onde as duas pessoas (ou mais, dependendo da situação) se ajudam mutuamente a crescer, sem disputar o domínio sobre a outra. Vale ressaltar que são dois casais sem filhos, então não sei como seria se houvessem crianças. Em Marley e eu, por exemplo, A personagem de Jennifer Aniston abre mão da própria carreira para cuidar dos filhos. Não que o marido a tenha obrigado a isso. Já em De pernas para o ar, recente longa brasileiro, o marido de Ingrid Guimarães pede divórcio devido à obsessão da esposa pela própria carreira. E será que alguém notou que em Sr e Sra Smith, a Angelina Jolie parece uma viciada em trabalho neurótica? Como se só assim ela pudesse se tornar uma espiã assassina competente, embora eu adore o filme e muitos traços da personagem interpretada por ela.

Óbvio que é difícil que uma relação sobreviva quando um dos dois é um workaholic. Só que no cinema há muito mais personagens masculinos e bem sucedidos do que mulheres. E quando elas são as bem sucedidas, geralmente o cinema as ilustra como mal amadas, insensíveis e anormais. A clássica megera. Enquanto isso, existem vários personagens homens bem sucedidos profissionalmente e felizes na família. Eu poderia citar muitos exemplos aqui, mas prefiro indicar um ótimo post que a Lola escreveu sobre a imagem das mulheres no cinema, baseado num instituto fundado pela Geena Davis, de Thelma e Louise.

Para a representação das personagens, o elenco demonstrou uma química incrível. Fora que tinha pelo menos duas figuras que eu adoro e ainda por cima nos papéis principais. Amy Adams e Meryl Streep foram sensacionais. E é incrível a versatilidade da Meryl. Basta contrastar A Julia Child com a Miranda Priestley, de o Diabo Veste Prada. A mulher é uma camaleoa!

Foram três posts bem robustos para falar de Julie & Julia, e talvez até surjam outros no futuro. Mas por enquanto desejo que tenham gostado da minha trilogia póstica e se interessado pelo filme. Será que os outros posts sobre filmes do meu coração serão grandes assim?

Bon appetit!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Critica – Julie&Julia (parte 2)

Na semana passada comecei a contar porque amo o filme Julie & Julia. Agora, continuando.

De encher os olhos.


É um filme sobre comida. Eu sou uma pessoa que come muito (já to pegando até má fama na agência) e adoro cozinhar. Então filmes sobre culinária estão na minha lista dos prediletos. E se é sobre comida, então prepare-se para a fotografia, porque provavelmente é maravilhosa.

No caso de Julie e Julia, o cuidado da produção e a absoluta exigência da diretora Nora Ephron são evidentes. Tudo é colorido, real e apetitoso. Quase é possível sentir o cheiro do que é preparado e ficar com fome é inevitável. Até porque a diretora fez questão que a comida fosse ótima e os atores comessem de verdade durante as filmagens.

Em relação à parte gastronômica, só posso reclamar de algumas cenas nada vegetarianas, como o momento em que Julie vai preparar lagostas e as escalda vivas. Apesar de a cena ser cômica, é ruim imaginar o sofrimento dos bichinhos, e me incomoda o humor sádico de algumas cenas. Além disso, tem muita exibição de carne crua e carcaças de animais. Bem desagradável, mas é preciso entender que se trata da culinária francesa, então fica difícil ser de outro modo. Não gosto menos do filme por isso.

Além da quantidade de carne nas comidas, a quantidade absurda de gordura (quase tudo leva muita manteiga), também me surpreendeu. Como os franceses podem ser tão magros? Achei que tudo era no vapor e a base de vegetais, mas na verdade é manteiga e carne até a tampa. Isso é outra coisa: por ser baseado em livros de pessoas que realmente entendem de comida, tem muita informação interessante. A lição de "não aglomerar os cogumelos, senão eles não douram", me deixa com água na boca. Sou louca por cogumelos.

E tem coisas no filme que só quem ama comer e cozinhar compreende. O prazer de escolher ingredientes frescos, sentir o cheiro e observar suas cores, por exemplo. Claro que para uma pessoa não vegetariana esse prazer talvez não seja tão intenso, afinal eu geralmente compro vegetais, que são coloridos e cheirosos. #ironiafeelings

Em uma cena, Julia Child escreve para sua melhor amiga: “Creio que sou a única americana em Paris que acha mais divertido comprar comida do que vestidos”. Já Julie Powell gasta quase metade do próprio salário comprando ingredientes para uma das receitas. Há um momento em que ela pega um ramo de vegetais e cheira. Toda vez que vejo isso me dá vontade de sair e comprar uma porção de espinafre para um bom creme com batatas.

Potô e eu passamos pelo processo de compra de ingredientes sempre que resolvemos preparar alguma receita interessante. E é muito divertido fazer feira juntos, numa feira mesmo, com barracas e vendedores recitando preços. Já até fiz um pequeno ensaio fotográfico, porque, na minha opinião, não existem cores mais bonitas do que as de uma feira popular.

Além do prazer de comprar ingredientes, o filme também ilustra a sensação maravilhosa que é preparar um bom prato com carinho e compartilhar com quem se ama. Também ilustra como uma pessoa mais humana e menos fada do que Julia Child pode ficar enlouquecida caso algo queime ou desande.

E como Julie e Julia cozinharam muito e serviram os maridos, que adoravam toda a comida, talvez alguém ache que é um filme machista. Mas no próximo post direi porque considero Julie e Julia um filme feminista.

Bon appetit!

terça-feira, 22 de março de 2011

Função: enfeite

Ok, eu adoro moda. É importante que isso seja dito primeiro. Me interesso pelo estilo de famosos? Sim, me interesso. Também gosto de observar figurinos em filmes, e quando adoro o personagem e/ou o filme, tem objetos com os quais sonho. Às vezes nem gosto da história ou atores, mas certos adereços me chamam a atenção.

Mas é muito ridículo e irritante receber o presidente de um país aqui (posicionamento político à parte) e ficar observando qual a roupa que a esposa dele veste. E julgar se ela se veste melhor ou pior que outra primeira dama de décadas atrás.

Enquanto todos voltam os ouvidos para os pronuncionamentos do presidente, os olhos vão para o que a esposa dele veste. Percebam: enfeites não falam. A não ser que sejam decoração de Natal ou façam parte do elenco de A Bela e a Fera.

Sempre imaginei como seria quando tívessemos uma presidente mulher (posicionamento político à parte 2), se o marido dela (primeiro cavalheiro?) ficaria a seu lado sorrindo e acenando e todas as pessoas parariam para criticar se seus ternos estavam apropriados para acompanhar a excelentíssima esposa em seus compromissos políticos. Mas não. Nossa presidenta não tem marido, então é preciso compará-la com a beleza da jovem esposa de outro político.

Por mais que outras coisas da Michelle sejam levadas em consideração, como o fato de ela ser vegetariana por exemplo, o papel da mulher adorno ainda me parece predominante.

Irritantemente predominante.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Uma loba sob medida que ama Rock and Roll

Há dias estou louca para assistir The Runaways de novo. Enquanto não consigo o DVD, vou curtindo o som de mulheres empoderadíssimas, me aproveitando dessa maravilha que é o You Tube. Mas não é o vídeo de The Runaways tocando Cherrie Bomb no Japão em 1977 que postarei hoje. Porque curtir o som das garotas esta tarde me fez dar um passeio por outras mulheres que falam do amor e do sexo. Só que brasileiras.

"Trata-se da libido feminina", como diria o empresário maluco que orientou/ajudou/manipulou/se aproveitou de Joan Jett e cia nos anos 70. São músicas que adoro, pois brincam de maneira deliciosa com o desejo feminino e uma (falsa?) submissão aos seus parceiros. Sem falar numa dose grande de sensualidade, de vulgaridade, bem ao estilo mulher de cabaré. Aliás, este blog anda nada pudico ultimamente, não acham?

Músicas que me deixam molinha e cheia de imaginação. O boy que se prepare. Hoje estou indo pra lá. ;)

Boa lua cheia para todos.


terça-feira, 15 de março de 2011

Crítica de filme e de público - Bruna Surfistinha

Uau! Que post enorme!


Há alguns dias comentei por aqui que assisti ao filme “Bruna Surfistinha” e gostei. Pois bem, dias depois do ocorrido, tentarei lembrar porque gostei tanto do filme apesar de tê-lo visto numa sessão terrivelmente barulhenta.


Em primeiro lugar, o filme me interessou por ser baseado num blog que virou livro. Não que existam reais pretensões em ver este bloguinho em prateleiras da Saraiva. É que me fascina a idéia de que pessoas comuns, dos mais variados tipos tenham idéias incríveis e escrevam bem ao ponto de serem publicadas. Acho isso muito legal, ainda mais no contexto brasileiro, que tem uma média de leitura tão baixa.


Em segundo lugar, o filme fala da trajetória de Rachel Pacheco, que aos 16 anos resolveu se tornar garota de programa. Outro tema que me interessa: prostituição.


Lembro da época em que o livro de Rachel, chamado “O doce veneno do escorpião” se tornou muito popular, justamente por ser polêmico. Eu nunca o li, numa tendência um tanto preconceituosa de recusar quase tudo que fosse pop e aparentemente instantâneo (pois é, mudei um pouco e hoje em dia leio até biografia da Lady Gaga. Brincadeira.) Outra razão para me afastar foi o filme pornô de Bruna Surfistinha, que foi lançado na época. Mas ainda tenho curiosidade em ler “O doce veneno…”, e vou esperar até que a onda do filme passe um pouco. O livro deve estar caro no momento.


Mas vamos ao filme. Roteiro muito bem amarrado, fotografia bacana, trilha sonora muito boa. Prostituta viciada em cocaína, abandonada pelos amigos, com saudade da família, triste e na chuva? Toca Radiohead!


Outra coisa: a versatilidade da Deborah Secco. Não em relação à atuação, que eu acho que ela sempre interpreta a mesma coisa, mas à idade. Tantos anos depois e ela ainda consegue parecer a molequinha de Confissões de Adolescente (saudade!) numa cena e virar um mulherão em outra. Há momentos em que ela está numa sala de aula com outros adolescentes e realmente consegue se misturar. Lembra do Murilo Benício interpretando seu clone adolescente? Não era daquele jeito.


Já as cenas de sexo ficaram muito bonitas. Elas são vulgares e divertidas (algumas), mas ao mesmo tempo não são pornográficas, entende? É que é a história de uma prostituta que trabalha num “privê” barato, com clientes dos mais variados tipos e taras. Tinha que ter uma crueza. Mas foram feitas com inteligência e bom gosto, sem parecer tanto com pornochanchada. Mesmo a cena em que Bruna realiza a fantasia de um cliente e urina sobre ele foi feita de forma inteligente e interessante. Talvez aí eu deva um elogio à atuação de Deborah, que parece ter pesquisado muito e dado a devida importância e respeito ao papel.


E mesmo não sendo pornográficas, as cenas ainda causam gritos de euforia nos taradinhos de plantão, e olha que nem todas as cenas de sexo são passíveis de riso. Algumas são violentas, constrangedoras. Alguns colegas de sessão chegavam a “torcer”em algumas partes. Só não me pergunte pra quem torciam. Mesmo em cenas que não eram de sexo, mas eram bastante dramáticas houve que risse e gritasse. Haja paciência.


O primeiro programa que Bruna faz é sofrido, doloroso. Ela só não chora para provar a si mesma que não é criança e que não voltará correndo pra casa. Mas me deu vontade de chorar. Deu nojo também. E me deu muita vontade de sair gritando dentro do cinema com todos aqueles idiotas que faziam piadinhas.


Por que o sofrimento de Rachel Pacheco merece ser banalizado? Talvez porque ela não tenha se tornado Bruna Surfistinha por razões financeiras. Rachel foi adotada por uma família de classe média alta e vivia em condições mais que razoáveis. Estudava em bom colégio e era amada pelos pais adotivos. O que mais uma menina sem família poderia sonhar?


Porém, de acordo com o filme, Rachel se sentia feia, perdida e sem identidade. Sofria bullying na escola e era humilhada pelo irmão mais velho. Uma característica: amava ler e escrever.


Um dia, é seduzida por um colega de classe e quase transa com ele. O garoto fotografa esse “quase“e publica no orkut, gabando-se. No dia seguinte a menina é perseguida na escola, como se a violência do colega já não fosse suficientemente ultrajante.


O episódio cai como uma cereja no bolo. Sentindo-se sozinha e rejeitada, apesar do carinho dos pais, Rachel arruma a mochila e vai se tornar garota de programa, numa tentativa de provar a si mesma que pode ser bonita e dona de si. E aí vale a reflexão sobre a posse de nosso corpo. Até que ponto Bruna Surfistinha é dona de si, e até que ponto não? Mulheres, reflitam!


Mas o contexto de Rachel Pacheco na adolescência pode parecer bobagem aos olhos de alguns. Quer dizer, não merece sensibilidade de ninguém, tem mais é que sofrer mesmo? O que justifica o riso diante de um “quase-estupro”?


Só porque foi fotografada fazendo sexo oral, sem permissão e colocaram foto na Internet vai virar puta? Estupra! Estupra!


Saiu de casa para uma faculdade de respeito usando um vestido curto demais? Estupra! Estupra!


Virou travesti e agora está com medo de pegar HIV? Estupra! Estupra!


Falando sério, para entender essa mentalidade talvez fosse preciso assistir ao filme de novo, bem escondidinha e com total silêncio. Ler o livro, conversar com a própria Rachel, com os doentes e gritadores, com sociólogos, fazer terapia, teses de mestrado, doutorado, pilates...



terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sherviajando no Divas Skateras!

Minha matéria sobre as meninas que andam na Avenida Raul Barbosa saiu no Divas Skateras, que publica coisas sobre meninas sk8istas de todo o Brasil. Acesse: www.divaskateras.blogspot.com


Fiquei feliz que só!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

SkatistAs na Raul Barbosa

Subindo e descendo rampas, executando manobras e vencendo obstáculos. Se em algum momento o skate foi considerado um esporte exclusivamente masculino, esse padrão vem perdendo força. Na Internet é possível encontrar vários blogs que tratam exclusivamente de mulheres que arrasam em cima de seus carrinhos. Vários vídeos mostram manobras realizadas com perfeição, e a mulherada vem marcando presença em campeonatos e nos espaços construídos para praticar o esporte. Na pista localizada na Avenida Raul Barbosa, por exemplo, a quantidade de meninas só aumenta.

Uma delas é Daniele Tamires, que tem 15 anos e anda de skate há apenas seis meses. Pode parecer pouco tempo, mas já foi suficiente para a skatista conquistar o segundo lugar num campeonato realizado em 2010.

“Ah, pra mim ta bom! Quer dizer, eu ando só por diversão, porque gosto, não é para concorrer em campeonato. Fiquei feliz com a minha colocação.” Mesmo que a intenção não seja competir profissionalmente, Daniele se animou com o resultado de sua primeira competição e pretende correr em todos os campeonatos deste ano. “Agora minha mãe está me apoiando e eu vou poder viajar para participar.”

Para ela não há nada que impeça uma mulher de se desenvolver no skate, mas admite que já sofreu discriminação por praticar o esporte. “Até mesmo não só por ser mulher, mas por ser skatista. Mas também tem gente que vem dizer que menina não pode andar, até o pessoal da família. Mas pra mim isso é só mais um obstáculo a ser derrubado.”

Maria Clara é outra menina que enfrenta o preconceito. Ela tem apenas 9 anos e anda de skate há 7 meses, quando os pais a matricularam numa escolinha. Apesar de ter bastante apoio da família, ela afirma que alguns amigos da escola não acham normal que ela pratique o esporte. “Eles vieram dizer que menina não pode andar de skate porque isso é coisa de menino. Mas para mim isso não existe, esse negócio de que tem coisa que é só para menina e coisa que é só para menino. Skate é para qualquer pessoa que queira.”

Da mesma forma que Clara não baixa a cabeça para o preconceito, também não tem medo de vencer os desafios. Ela conta uma das dificuldades que encontrou logo que começou a praticar. “Quando eu fui descer aquela pista alta ali, tipo dupla. Eu sempre saia de cima antes, não conseguia ficar no skate. Agora desço em todas as rampas.

O pai da menina é o marceneiro Cristian Pereira. Ele acompanha a filha quando ela quer ir ao pólo e observa de longe enquanto Clara treina as manobras. “Agora eu estou acostumado, mas antes ficava com o coração apertadinho. Ela caía, se machucava, chorava, mas não queria ir embora. Queria insistir até conseguir.” Ele afirma que dá apoio para a filha, e que desde cedo ela mostrou vontade de praticar esportes.

“Com três anos de idade ela pediu um quimono para praticar judô, depois quis andar de patins. Quando pediu o skate não fiquei surpreso. Matriculamos ela na escolinha e sempre que posso a trago. Eu dou todo o apoio, deixo ela bem à vontade”, afirma Cristian. Para ele, o apoio da família é importante e as meninas não devem ser impedidas de praticar.

Para as meninas que estão a fim de praticar o esporte mas têm medo, Daniele deixa o recado: “Ah, vem andar de skate! Vai mudar sua vida, é tão bom! Conhecer pessoas novas, lugares novos, quedas novas e novas cicatrizes.rs Mas é bom. Skate é muito bom.” E Clara reforça: “Skate é para os dois sexos. Quem tiver a fim de aprender é só praticar.”

sábado, 15 de janeiro de 2011

Copa do Mundo de 2011: vamos torcer por ELAS!


Muito se fala na Copa do Mundo de 2014, e não apenas porque ela será disputada no Brasil. Após as vuvuzelas de 2010, e com a saída antecipada da equipe brasileira, alguns comerciantes que investiram em enfeites e bandeirinhas disseram em entrevistas que estavam desolados com o prejuízo. A idéia geral é que reunir família e amigos agora só em 2014.

O que muita gente não sabe é que o próximo campeonato mundial acontece já este ano. É a sexta edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino, que tem início em 26 de junho, na Alemanha. E o Brasil tem pelo menos um bom motivo para tirar as bandeirinhas do armário e renovar as esperanças : sua equipe tem a Marta, que foi eleita pela quinta vez a melhor jogadora do mundo.

Segundo o site da FIFA: “É fato que o entusiasmo pela versão feminina do esporte mais popular do mundo vem crescendo cada vez mais. Nos quatro cantos do mundo, está presente a euforia pela Copa do Mundo Feminina da FIFA 2011. Enquanto o futebol feminino não para de evoluir técnica e taticamente, a sua popularidade também vem crescendo de forma contínua. O número de pessoas que conhecem as estrelas das Américas, Europa, Ásia, África e Oceania vem aumentando sem interrupção.”

Quem estiver a fim de cultivar esse hábito por aqui, fique atento: o primeiro jogo do Brasil vai ser contra a Austrália, no dia 29 de junho. Em seguida, em 3 de julho, nossas meninas enfrentarão a Noruega.


Se liga na tabela dos grupos


Grupo A

Alemanha
Canadá
Nigéria
França

Grupo B

Japão
Nova Zelândia
México
Inglaterra

Grupo C

EUA
Coreia do Norte
Colômbia
Suécia


Grupo D

Brasil
Austrália
Noruega
Guiné Equatorial

sábado, 11 de dezembro de 2010

Tênis roxo

Estou sem uma peça muito básica aqui em Fortaleza: sandália. Pois é, muito contraditório, mas num calor como o que faz aqui eu estou somente com tênis e sapatilhas (váááárias) no meu guarda-roupa. Isso ocorre devido as fofuras que são as sapatilhas e sapatos que vêm sendo lançados por marcas populares ultimamente, e à baixa qualidade de algumas sandálias que comprei e quebraram logo.

Daí, guardei um troquinho para comprar um calçado novo para usar no Reveillon. É que acredito no lance consumista de usar tudo novo na virada, para atrair coisas boas. Sei que é balela, para a gente comprar mais e mais, mas eu caí. Pois é. E na hora de escolher o calçado eu fui repetindo o mantra: "mantenha o foco, você quer uma sandália ", "mantenha o foco, você quer uma sandália". Só que os modelos disponíveis estavam caros e nenhum assim que me conquistasse meeeesmo, sabe? E aí eu me deparo com isso:



Tênis roxo fofinho na promoção!!! Não deu para resistir. Sei que a foto ficou desfocada e não dá para ver a cor direito, mas é um roxinho fechado, puxando para o azul. E no modelo que eu queria, pequenininho, bom para usar com shorts curtos ou saias. E aí eu fico pensando no que a cor roxa pode atrair para 2011. Igualdade entre os sexos, talvez?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Clipes legais de meninas Sk8istas

Achei um blog muito bacana, o Divas Skateras. Nele dá para se informar sobre os campeonatos que estão acontecendo e principalmente, sobre meninas arrasando.

E se ainda tem alguém aí que acha que mulher não é capaz de fazer alguma coisa...



quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

I’m a Sk8 girl!

Um detalhe pessoal passou batido pelo blog. Há alguns meses comprei um skate, decidida a aprender a andar. Essa vontade vem de muito tempo na verdade, mais precisamente da adolescência, quando meus amigos da escola faziam manobras. Eu achava muito legal, mas não tinha muita paciência nem coragem de tentar. E claro, não haviam meninas na escola que andassem e meu pai não compraria um carrinho para mim. Daí me contentava a assistir aos (poucos) campeonatos que passavam na TV aberta, vibrando com os vôos do Ueda e torcendo para que o Sandro Dias fizesse o 900.

Então, após a formatura, com um pouquinho de tempo livre a mais, percebi que o desejo de praticar o esporte vinha se arrastando há uma década, sem nenhuma tentativa de realização! Já com 24 anos nas costas, vi que alguma providência tinha que ser tomada. Então resolvi comprar meu novo queridinho antes que desenvolvesse uma osteoporose e me arrependesse por deixar o tempo passar demais. Estou curtindo muito, porque é divertido e dá uma energia muito boa. Ainda não me machuquei muito porque não estou tentando nada tão ousado, mas já ganhei uns roxinhos clássicos na canela. Mas a intenção mesmo é se divertir e estou conseguindo! :)

E falando nisso, o recém lançado Vida sobre Rodas é um documentário a respeito da trajetória do esporte aqui no Brasil (somos o segundo melhor do mundo, sabia?). Se você gosta, procure uma sala de cinema na sua cidade que eu acho que vale muito a pena. Eu vou ter que esperar chegar em DVD porque não está passando em Fortaleza. :(



Meninas que andam de skate, tem alguém aí?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Temos uma mulher presidente. Agora quero um Brasil laico e sem xenofobia.


O Brasil tem sua primeira presidente mulher! Após mais de 30 presidentes eleitos, todos brancos e homens, é a vez de uma mulher ocupar o cargo político mais importante na política de um país em regime democrático. Dilma Roussef é a primeira presidente (ou presidenta?) do Brasil.

Obviamente como mulher admito que a eleição de Dilma é um fato importante e histórico, e fico feliz que tenha ocorrido. Mas não fiquei nada contente com os rumos e retrocessos desta campanha eleitoral, retrocessos que inclusive podem ser prejudiciais à vida das mulheres brasileiras. Retrocessos que aconteceram numa tentativa desesperada de não perder os votos dos conservadores. Ou seja: estou feliz, mas nem tanto.

Tivemos uma batalha ideológica baixa e suja neste segundo turno. Crucifixos praticamente foram erguidos em comícios e campanhas e as palavras “laico” e “aborto” nunca foram tão temidas. Se bem que ao menos elas foram pronunciadas, e se estamos no Brasil, acho que isso é um indicativo de que o debate está crescendo e se espalhando. Mas não adianta ter muitas esperanças, pois nossa presidente já se comprometeu com entidades religiosas e não deve legalizar o aborto ou o casamento entre homossexuais nos próximos quatro anos. Candidato a presidência assinando termos de compromisso com igreja. Ninguém merece.

Mas o que aconteceria se o Serra ganhasse? Acho que ele faria os comerciais do Governo Federal cheio de jovens bonitas como nos comerciais de cerveja. As mesmas que ele chamou para atrair votos masculinos durante o 2º turno. Ou talvez convidasse a (agora famosa) estudante de direito Mayara Petruso e seus amiguinhos para afogar alguns nordestinos por aí.