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quinta-feira, 14 de julho de 2011

#ParaSempreAnaLuiza

Há alguns dias uma hash tag nos trending topics do Twitter me chamou a atenção. Era #ForçaAnaLuiza, e se tratava de uma corrente virtual torcendo para que uma menininha amazonense vencesse a batalha contra um câncer raro e cruel. Pelo jeito a garotinha que faria 7 anos este mês já era famosa no Brasil inteiro, já tinha até dado entrevista na televisão. Mas eu estava por fora.

Curiosa como sou, fucei a história da pequena e encontrei o blog da mãe dela. Nele, muitas fotos mostrando a trajetória da vida de uma criança que mudara tão bruscamente em pouquíssimos meses. Desde antes do diagnóstico, exibindo um sorriso enorme e uma medalha, até a perda total do cabelo, à mudança da cor da pele, que se tornou amarelada devido à quimio.

A cicatriz na cabeça devido à operação e um catéter de quase 15 cm implantado no pescoço dela, deixavam claro que ela vinha enfrentando uma situação bastante difícil.

Mas uma coisa estava presente em quase todas as fotografias: Um sorriso intenso e brilhante, como se ela não estivesse passando por nenhum sofrimento. A cada presente ganho, a cada pequeno agrado, a menina parecia ter as forças renovadas.

Confesso que de cara não li o blog até por preguiça. Posts enormes narravam a história da pequena e as fotos já me deixavam bastante triste. E assim me contentei em apenas torcer pela melhora dela e dar uma olhada de vez em quando nas mensagens de apoio que pessoas do Brasil inteiro, e até do exterior enviavam.

Esta semana recebi a notícia por uma colega de trabalho que a menina havia falecido. Procurando a hashtag mais uma vez, confirmado. "Se foi. Meu anjinho do céu.", twitou o PAIdrasto da garotinha. Muito triste, resolvi conferir quem foi Ana Luiza, através do olhar de sua mãe guerreira, que tão corajosamente batalhou pela vida da filha e ainda por cima teve coragem de narrar tudo num blog.

E que história surpreendente. Todos os problemas que a família enfrentou e a força da garotinha são realmente inspiradores e até mesmo dignos de nos fazer passar vergonha. Vergonha de todas as vezes em que achamos que temos um problema e na verdade é pura frescura.

Cheios de saúde, nos queixamos de banalidades. Enquanto isso uma garota de apenas 7 anos, privada de brincar, sofrendo dores terríveis e estando ligada a um mundo de aparelhos... sorri. Sorri pela visita de amigos, por ter ganho um livro, por uma piada dos avós, por um simples passeio na praia sem direito a banho de mar. Enquanto no dia a dia muitos de nós tem preguiça de ver os amigos, nunca aproveitamos nada e evitamos nossa família. Enclausurados e cegos por nossos egos.

Outra coisa que mexeu comigo foi a fé da família e da própria Ana Luisa. Mesmo sendo uma fé diferente da minha, era algo admiravelmente forte e que com certeza os amparou demais durante toda a batalha. Uma fé pura e bonita, que só fez bem a quem a alimentou. Não uma fé como as que já vi, dessas que alimenta o ódio contra outras pessoas.

A fé de Ana e sua família era pura de amor e esperança. Mesmo diante de tanto sofrimento, eles ainda lembravam de se importar com outras famílias que enfrentavam a mesma situação, mas sem os mesmos recursos. Uma fé regada de solidariedade, e ao invés de ficarem apontando quem merece ou não ir para o céu, simplesmente torciam pela vitória aqui na Terra mesmo. Por um pouco de alívio para os doentes.

E agora que Ana Luisa se foi, o que resta é o que foi aprendido com sua luta. Que viver é para ontem. Que aqueles que amamos não estarão conosco para sempre, que NÓS não ficaremos aqui para sempre.

E por coincidência (ou não), descobri que uma amiga está com um tio doente com câncer, e que ele precisa urgentemente de doações de sangue. O tipo dele é raro, e tenho quase certeza que é o mesmo que o meu. Quase porque sempre ouvi que não podia doar sangue, devido a uma hepatite quando era criança, e até por isso nunca fiz testes de laboratório para saber que letrinha meu sangue carrega. Mas uma vez, durante uma feira científica uma estudante furou meu dedo, pingou um negocinho e me disse que eu era O -.

Telefonei para o local onde se doa e me informaram que só quem teve hepatite A depois dos 10 anos de idade não pode doar. Como a minha foi com 9, eu posso. A não ser que eu não esteja pesando acima de 50 quilos, o que é um risco, já que meu peso sempre oscila nessa faixa.

Mas mesmo com algumas incertezas, hoje estou indo fazer a doação. Ou tentar fazer a doação. Espero siceramente poder ajudar o tio da minha amiga e que o tipo sanguíneo dele seja mesmo compatível com o meu. Mas se não for, que meu sangue sirva para outra pessoa.

O importante é que eu vou tentar. Porque viver é para ontem.


terça-feira, 17 de maio de 2011

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sher no Blog do Abraço

Já há alguns meses comecei a trabalhar na Advance, uma agência de Publicidade aqui de Fortaleza. Atuo como Web Writter, produzindo conteúdos diversos para a Internet. Hoje, por exemplo, tem post meu no Blog do Abraço, das Farmácias Pague Menos.


(clique para ampliar)


Confira o mesmo texto no Blog do Abraço.








segunda-feira, 9 de maio de 2011

Uma estagiária, uma diretora, uma adolescente e um short curto demais (parte 2)

Leia aqui a parte 1.

Não eram gritos de desespero, que fizessem com que todos fossem em busca de acudir alguém. Eram broncas severas, cheias de agressividade, lições de moral e ofensas. E todos reconhecemos que a voz que gritava era a da diretora. Já a voz miúda, que tentava se justificar, era da estudante que havia chegado para a reunião do jornal.

Depois de alguns minutos constrangedores, o silêncio veio juntamente com a diretora. Ela veio nos explicar que a estudante voltara para casa porque chegou à escola com um short curto demais, e por isso sua entrada não foi permitida. E começou a falar alto mais uma vez, como se a estudante pudesse ouvi-la do outro lado da rua, ou talvez para outras que, como ela, não soubesse se vestir de forma “decente” e um dia ousassem chegar ao colégio em tais trajes.

A reunião não aconteceu porque a menina estava com todo o material que precisávamos e sequer foi permitida de adentrar o colégio para nos cumprimentar ou entregar sua pasta. Eu voltei desolada, revoltada com o que houvera e por um motivo tão banal ter perdido a chance de realizar uma reunião com estudantes que queriam muito realizar o projeto, mas estavam com dificuldades. O prejuízo pela perda da reunião era muito maior do que qualquer lição de boas condutas que a diretora talvez quisesse, de forma tão violenta, ter passado à aluna.

Fiquei desolada pela forma como a diretora falou com a adolescente, tão estupidamente humilhante, gritada para que todos os seus colegas e outros funcionários ouvissem. Algo que poderia ter sido feito de forma muito mais respeitosa, na sala da direção. Que poderia ter sido perdoado só daquela vez, para que a menina participasse da atividade e não viesse vestida daquela forma de novo. Ou que ela pelo menos não tivesse sido ofendida pela diretora, que a chamou de “vulgar”, “umazinha qualquer”, entre outros adjetivos nada dignos de saírem da boca de uma gestora de educação para uma adolescente de 13 anos.

Conversando com a assistente social que coordenava o projeto, ela me ofereceu vários pontos de vista. Em primeiro lugar, ela condenou veementemente a atitude da diretora. Destacou que aquela não era a forma de falar com ninguém, imagine com uma adolescente. Uma das coisas que me chamou a atenção é que a diretora disse à menina “você com certeza não tem só esse short!”, ao que a coordenadora do projeto me contestou: "como ela pode saber? Como ela pode ter certeza disso, que a menina não tinha só aquela roupa para ir à reunião?" E isso me deixou um tanto chocada, porque aí eu percebi que esse tipo de coisa realmente pode existir, e muitas vezes por estarmos numa condição confortável o suficiente, não nos damos conta.

Por outro lado, disse a coordenadora, imagine a pressão que essa diretora sofre naquela escola. Sem amparo público o suficiente, vendo adolescentes engravidarem e outras indo para as drogas e crime. Sendo ofendida por estudantes e pais de alunos, algumas vezes até ameaçada e saindo do trabalho, localizado numa periferia carente, estressada e com medo. Que condições essa profissional têm de fazer as coisas tal como ela deveria ter aprendido na universidade? Quanto ela ganha? Em quantas outras escolas não deve trabalhar para sustentar a família? Há quanto tempo ela não participa de uma discussão pedagógica para aperfeiçoar seus métodos?

E aí a coordenadora do projeto em que eu atuava comentou todas as diversas facetas envolvidas naquele incidente. Porque os pais da menina dificultavam que ela participasse plenamente do projeto? Será que eles tinham condições de perceber o quanto aquela experiência seria importante para a filha deles?

Porque a menina usaria aquele short para ir à escola ou a qualquer outro lugar? Será que ela tinha condições de perceber questões como a banalização do corpo das mulheres?

E esse episódio ficou marcado para sempre em minha memória, pois foi uma das primeiras vezes em que percebi o quanto nosso contexto é complexo, e que não dá para colocar a culpa em uma só personagem. Porque na maioria das vezes a culpa não é só da adolescente, do short ou da diretora.

Ou mesmo da estagiária, que por mais revoltada que estivesse, não fez nada diante da situação.


Uma estagiária, uma diretora, uma adolescente e um short curto demais (parte 1)


Algo marcante na minha vida foi ter começado a estagiar numa ONG, lá pelo 3º semestre do curso de jornalismo. No estágio eu cumpria a função de assessora pedagógica, ajudando os estudantes de algumas escolas públicas a fazerem seus jornais estudantis. Nessa época tive a oportunidade de trabalhar com educadores e assistentes sociais, o que me ajudou a abrir minha visão de mundo. A principal dessas mudanças foi perceber que nossa sociedade é tida em contexto. Um contexto cheio de aspectos, pessoas e situações. Milhares possíveis, com muitas facetas e possibilidades (ou impossibilidades).

Por exemplo: em determinada situação estive visitando uma escola para uma reunião com os estudantes, num horário oposto ao das aulas deles. Uma das meninas que ia participar da reunião sempre tinha muito interesse em contribuir com as coisas do jornal, mas tinha muitas dificuldades. Sendo a filha mais velha, ela cuidava dos irmãos menores, fazia todas as tarefas domésticas e mal tinha tempo para fazer os deveres de casa que os professores passavam. Participar do jornal da escola, então, era praticamente impossível. Para os pais dela, mais que isso: era besteira.

Pois eis que um dia o pai da menina a deixou ir à reunião, mas só depois que ela terminasse algumas tarefas da casa. Ela se esforçou para fazer tudo, avisou pelos outros participantes que ia chegar depois, mas que levaria todo o material que havia preparado.

Eu já tinha chegado para a reunião e resolvi dar uma tolerância de mais meia hora para que a garota não perdesse muita coisa. Enquanto isso, conversava com os outros estudantes sobre dificuldades que eles estavam enfrentando para concluir o jornal.

De repente, gritos na entrada da escola calaram todos.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Tá no sangue



Os mais novos comunicadores da família


No fim de semana (2 das minhas 4) irmãzinhas lindas me pediram para que eu criasse um blog para elas. Na verdade, o blog também é do meu primo, o Caio. Se liga no nome que os pequenos criaram: BloCAL - Blog do Caio, da Amanda e da Laís. A intenção deles é fazer postagens variadas, a maioria delas em vídeo, que nem no ICarly, que eles adoram.

Lembro que quando eu era criança, minha veia jornalística já se manifestava. Uma das brincadeiras que eu mais curtia era entrevistar pessoas, e nessas eu e minhas amigas escrevemos jornaizinhos, fizemos programas de rádio no gravador da minha tia e eu escrevi vários livros.

Agora, em pleno 2011, as crianças da minha família criam um blog e postam, de cara, uma crítica de cinema.

Pura genética.


domingo, 27 de fevereiro de 2011

Para NÃO dirigir bêbad@

Atualizando...

Antes havia aqui um vídeo de humor a respeito de bêbados no trânsito. A postagem foi programada para entrar ontem, e fiz isso antes da morte da pequena Cristal, de apenas 1 ano e 9 meses. A menina estava num carro com motorista embriagado, carteira vencida há anos , em alta velocidade e dirigindo na contramão. Após derrapar, o carro caiu num rio e o bebê ficou 20 minutos submerso.

Após ser resgatada pelos bombeiros a criança lutou pela vida durante 24 horas, mas não resistiu e faleceu.




Estou alterando a postagem porque não há motivos para rir.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Não foi só com a Alanis

Quem mora em Fortaleza querendo ou não está sabendo da garota de 5 anos que foi raptada, estuprada e morta há uma semana. Para quem não sabe ou não mora em Fortaleza, vou contar o que houve (e por isso o post ficou tão grande). Alanis Maria estava com a família numa igreja do bairro Conjunto Ceará. Enquanto os fiéis se cumprimentavam durante o “abraço da paz”, um homem a levou do lugar e desapareceu. Nas horas seguintes a família da menina promoveu uma intensa mobilização no bairro, espalhando fotografias e dividindo-se em grupos para buscas juntamente com a polícia.

A mobilização da comunidade chamou a atenção da imprensa local que também divulgou as fotos da menina e fez com que a cidade acompanhasse de perto o que estava acontecendo. No dia seguinte por volta das 17:00, o corpo da menina foi encontrado num terreno próximo a um canal no bairro Antônio Bezerra. Por coincidência eu estava lá nesse dia, pois o Potô mora a poucos metros do local. Depois que cheguei da escola onde estou lecionando (depois conto mais sobre isso), percebi a intensa movimentação de helicópteros e as pessoas se aglomerando na rua. Ele não estava em casa na hora, tinha ido a uma locadora com o sobrinho, por isso eu e a sogra ficamos nervosas já que não sabíamos o que estava acontecendo. Depois veio a notícia de que a criança havia sido encontrada. Chegamos inclusive a ouvir que ela ainda estava viva, o que não é verdade de acordo com as matérias que venho acompanhando. Ao contrário dos curiosos que foram ao local ver o cadáver ou mesmo a movimentação, Potô e eu ficamos em casa tentando pensar em outras coisas para afastar a sensação horrível que tomou conta de todos na comunidade.

Antes de ontem o suspeito (na verdade ele já confessou) foi preso (juro!) e a polícia vem tentando protegê-lo de um linchamento, pois desde que o corpo da criança foi encontrado uma multidão cobra por justiça (ou vingança?) na frente da delegacia do bairro e arremessa pedras contra viaturas onde o suspeito possa estar. A propósito, o acusado já tem antecedentes de estupro, mas estava em liberdade.

O caso de Alanis Maria não sai da boca dos fortalezenses e nem da pauta dos jornais da cidade. Alguns desses, sensacionalistas que são, fazem discursos longos, temperados e esgotam o assunto até onde não dá mais. O velório da menina e o enterro pareciam assim, quando um artista morre. A missa de sétimo dia, realizada ontem à noite, tinha tanta gente que não coube todo mundo na igreja.

Aí eu tava pensando...

Desde que tudo isso começou eu venho observando a reação e os comentários das pessoas. Todo mundo horrorizado, revoltado e muito triste pelo que aconteceu e sempre chegando e dizendo “como é que um cara faz um negócio desses com uma criança...” Mas o que mais ouvi mesmo foram as pessoas dizendo o quanto a Alanis era linda. “Loirinha do olho verde, coisa mais fofa.”
Não me leve a mal. Não estou dizendo que é ruim que a população esteja revoltada e sensibilizada com o assunto. Isso é muito bom, pois abre um pouco de espaço para um debate que precisa ser travado constantemente. O meu questionamento é: por que as pessoas não ficam assim em TODOS os casos de abuso sexual, estupro e outras violências envolvendo crianças e adolescentes? Quase todos os dias saem notícias nos jornais falando de abuso sexual dentro da própria família, cometidos pelos próprios pais muitas vezes. Mas são notícias pequenas, muitas não ultrapassam nem uma pequena coluna no canto inferior da página. Mas quando acontece com uma menina loirinha de olho verde, coisa mais fofa, aí a gente se revolta, é isso? E as outras? Porque isso não aconteceu só com a Alanis. A família dela não foi a única que sofreu com esse tipo de crime bárbaro nas últimas semanas.

Não sei se a sensibilidade das pessoas está diretamente ligada à cor da pele da criança. Mas a verdade é que esse tipo de crime é muito comum e constantemente praticado contra crianças negras, que estão em situação de rua ou sofrem os abusos em casa mesmo. É difícil não pensar no filme Tempo de matar quando o advogado de defesa do homem que matou os estupradores de sua filha (toda a família é preta inclusive a vítima. Já os estupradores são brancos) narra como todo o estupro aconteceu. Diante de um júri emocionado, o advogado diz: agora imaginem que a menina é branca. Acho incrível como o olhar dos jurados muda, perplexos. Porque sim, a cor muda o olhar da gente. Acho que isso não dá para negar. Se não deu para entender, recomendo ver o filme que é muito bom e baseado em fatos reais.

Mas voltando à questão da superficialidade das pessoas. Lembro da vez em que fui a um debate a respeito de exploração sexual contra crianças e adolescentes. Uma pessoa acolá (que acha uma perda de tempo se envolver nessas besteiras de movimento social) disse que era uma perda de tempo, que tinha umas meninazinhas aí que até gostavam, que eram sem-vergonha. Essa senhora, quando assiste a alguns programas policiais mostrando garotas exploradas sexualmente fica dizendo que elas são safadas e não sei o que mais. E agora tava aí querendo ir ao velório da Alanis, uma menina que ela nem conhecia. Queria “prestar solidariedade à família.” Mas tem que ver que a pobre menina foi obrigada a ir, né? Essas outras aí sofrem não, acham até bom. Se vão porque querem não é violência. Nojo, nojo, nojo.

E vem jornal-circo dizer que precisamos proteger nossas crianças. Os mesmos que identificam constantemente na TV vítimas de abuso sexual ou mesmo mostram as imagens de adolescentes infratores, violando o Estatuto da Criança e do Adolescente que (vejam só!) foi criado exatamente para proteger nossas crianças. Reclamam em seus pequenos auditórios dessas pessoas que “querem proteger os pequenos marginais privando a sociedade de conhecê-los e usam a censura para barrar o trabalho dos comunicadores.”

Sejamos francos. Nossa sociedade não quer proteger as crianças. Algumas pode até ser, mas não todas. Porque se a gente quisesse de verdade proteger a todas elas, as mobilizações seriam intensas constantemente, o assunto jamais sairia das pautas jornalísticas e a polícia agiria rápido sempre. Essa pressão popular que é fundamental para concretizar mudanças, não se limitaria a acontecimentos como este que por alguma razão parece mais atrativo e emocionante do que outras centenas. Acho que por o acompanhamento da imprensa ter acontecido desde o início, deixando as pessoas ansiosas por um desfecho. Como se estivessem assistindo a uma novela. Uma pena que a mobilização estruturante seja apenas factual e limitada e seja tratada como mais um drama da vida real a ser esquecido em pouco tempo, juntamente com outros milhares de casos.