terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Namorado ou companheiro?

namorado

afér. de enamorado

adj.,
requestado, galanteado;
enamorado, apaixonado;
meigo, amoroso;

s. m.,
aquele que é requestado ou que requesta;
amante;
conversado.

Fonte: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx

companheiro

adj.,
que acompanha;

s. m.,
aquele que acompanha;
colega;
camarada;
condiscípulo;
esposo;
amigo.

Fonte: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx


Andei refletindo sobre umas coisas... Dentro do movimento social (do qual faço parte, mais precisamente do movimento feminista) é comum que as pessoas se refiram a seus respectiv@s como companheir@. Meu namorado não faz parte do movimento, talvez por isso eu já tenha me acostumado a dizer que ele é meu namorado. E algumas vezes isso gera umas caretas por parte de algumas pessoas do movimento.

Eu compreendo as razões, até porque acredito na força das palavras. Entendo que o termo "namorado" ou "namorada" possa remeter a sentimentos de posse e obrigação. Também acho que se referir ao seu respectiv@ como companheir@ é muito massa pois remete diretamente ao significado daquela pessoa em sua vida. Muito mais que o termo "namorad@".

Mas simplesmente não dá. Eu olho para o Potô e não consigo me referir a ele como companheiro. Nem apresentá-lo assim ou falar dele desse jeito. Sempre digo "ah, estava com meu namorado..." E isso não desmerece de jeito nenhum a posição que ele ocupa em minha vida. Como ele é meu amigo, amante, companheiro e esposo, não acho que essa mudança de termo possa alterar alguma coisa. E como não consigo, acho meio forçado insistir em mudar a nomenclatura.

Mas se tem uma coisa que não suporto, é o termo "mulher", quando um cara se refere à sua esposa. "Lá vai a minha mulher!" A gente não diz "Lá vai meu homem" chama o ser humano de marido ou esposo. Mas dizer que a gente é mulher de alguém, parece que temos realmente um dono, como quem diz "lá vai meu cachorro". Eu nunca vou ser a mulher de ninguém. Vou ser companheira ou esposa, ou namorada, mas nunca a mulher. Quando me casar um dia, acho que não vou querer nem que meu pai me acompanhe na entrada, porque isso tem a simbologia de "agora estou entregando MINHA filha para ser SUA MULHER". Como se eu fosse um presente, uma oferenda. Posso até mudar de idéia, mas senão, papai vai ter que entender. Por enquanto, tenho a impressão de que vou entrar sozinha na cerimônia, como quem diz "a decisão foi minha, ninguém me trouxe para o relacionamento, não tem porque eu ser entregue, sei andar sozinha". E pronto.

7 comentários:

Unknown disse...

Agora você me fez refletir, sempre refiro a minha companheira, assim, digo "a minha mulher." Mas nunca pensei que pudesse soar mal. Acho que uso esses termos porque gosto de enfatizar que sou mulher e tenho uma mulher como companheira. E até parece que ela gosta.

Sheryda Lopes disse...

Acho que pode sim, ser uma ação afirmativa, mas tem que refletir que não é porque é uma relação lésbica que está livre dos sentimentos de posse. Lésbica ou não, acho que uma mulher não pertence a ninguém, ela é sempre dela mesma.
Valeu a visita!

Raiza disse...

Adorei o post.Concordo plenamente com você.Também odeio o termo "Mulher" e quando eu casar meu pai vai ter que entender que ele não vai entrar comigo.Eu não vou ser entregue a ninguém.Só não entendo porque algumas feministas não gostam do termo "namorado".Que achem "Companheiro" mais bonito eu entendo,mas não vejo mal algum em "Namorado" não me passa a noção de propriedade.me passa a idéia de alguém que está apaixonado por mim.Acho que eu também não conseguiria chamar meu namorado de companheiro.
www.garrafaaomar.zip.net

Sheryda Lopes disse...

Acho que ao pé da letra realmente não deixa tão claro o sentido da posse, afinal a palavra deve vir de "enamorado" que ou é no italiano, no latim ou nos dois, significa "apaixonado". Mas se a gente pensar no sentido que foi dado à palavra aí sim dá para identificar bastante das questões de posse. Tipo, quando você passa de "ficante" a "namorada", quais serão suas obrigações para com o outro? Fidelidade é a primeira. E a partir disso, um monte de outras coisas que dizem que você é exclusiva de alguém e tem alguém exclusivo seu.A criatura pode sair sozinha para uma festa rave-cheia-de-gatinhas? Você pode usar aquela sua mini-mini-saia com a mesma autonomia de antes? Para a maioria dos casais estar comprometido nessas situações faz você pelo menos pensar duas vezes, não é verdade? Claro que começar a chamar o outro de companheiro não vai mudar tudo de uma hora para outra, mas é sempre bom refletir sobre o que a gente diz.

E o comentário ficou quase maior que o post...

Barbara disse...

Eu concordo que "palavras tem poder", como dizia um amigo meu. Mas nao gosto do termo "companheiro". me passa uma ideia de que a pessoa esta querendo ser do contra, usar um termo diferente so para ser diferente. E pior ainda quando eh casal do mesmo sexo. Acho legal quando um cara se refere ao companheiro como marido. Ou, como outro comentario disse, uma mulher chama a outra de "minha mulher".
Companheiro/a parece uma coisa meio envergonhada.
Eu chamo meu marido de marido. Conheco gente que chama de "meu homem", so pela piada (para ficar igual a "minha mulher").
Acho que essas coisas tem que ser detrinchadas e discutidas. Mas depois de refletir, acho que cada um deve chamar o outro do que da na telha. Se eu chamar meu marido de "meu macho", todo mundo vai perceber que eh piada - talvez, pela propria estranheza, seja uma desconstrucao ate mais forte do que chamar de "companheiro".
(www.baxt.net/blog)

Sheryda Lopes disse...

Pois é, mas perceba que se vc chama o rapaz de "meu macho" o povo estranha, mas se ele te chama de "minha mulher", é natural.Aí é que tá o perigo, porque tudo se naturaliza e a gente não se questiona e analisa as coisas, como você mesma disse que é importante. Concordo com você que a gente não deve forçar a barra, mas eu acho tão nhindo os "companheiros" que naturalizaram o termo! E nem fica parecendo forçado ou tímido.

Um abraço e brigada pela visita!

Unknown disse...

Adorei... apesar de nem sempre ter pensado dessa mesma forma em relaçao a ser conduzida até o altar pelo meu pai... Mudei minha forma de pensar quando ele faleceu!!! Muito falam que no dia em que eu decidir me casar meu irmão que deveria me conduzir, mas acho isso uma tremenda bobagem... Pretendo entrar SÓ!!!