É que ele nestá deixando crescer a cabeleira, e os cachinhos tão bem, bem cheios. Quando tá assanhado fica black, e dia desses fiz trança-raiz nele. Pra mim, tá muito massa, principalmente porque é uma questão muito forte de assumir a negritude e enfrentar as pessoas que vêm dizer que o cabelo dele tá sujo e não sei o que mais. Porque negro não tem direito de ter cabelo, né? Mal cresce, toca raspar! Já o branco não: pode deixar um pouco maior, com topete, arrepiadinho ou mesmo um pouco abaixo do pescoço porque é muito descolado. Uma questão de "estilo". Afinal, é um cabelo liso, macio e brilhante. Já o cabelo "de nêgo", mal cria dois dedos que o povo já manda-logo-ir-aparar-essa-moita.
Com as negras, o lance é alisar ou conseguir-domar-os-cachos. Minha irmã adolescente,por exemplo, parece que percebeu há algum tempo que é negra e o quanto isso é bom. Daí parou de se preocupar tanto com o volume e amarrar o cabelo naqueles coques-bolinha que amassam os cachinhos e deixavam o cabelo dela super oprimido. Agora, a guria curte deixar os fios soltos e eles ganharam um volume lindo. Mas aí vem meu pai (que é negro,porém racista mas não percebe nem um nem outro) e diz que a menina tá com uns cabelo-muito-espatifado. Se ela chegasse com aquele liso igual ao de todo mundo, completamente artificial e pregado na cabeça, aí é porque ela estava "se cuidando". Tenha dó!
Mas realmente o campeão de me fazer engolir sapos, com certeza é o machismo. E derivados dele, misoginia e homofobia/lesbofobia/transfobia.
Porque em todo canto que eu vou,tem alguém que fala absurdos e acha que é só brincadeira! E isso é vindo de gente que não deveria ter tanto preconceito, como comunicadores (daí uma mídia tão discriminatória), educadores e até militantes do movimento LGBTT! É loucura!