terça-feira, 5 de abril de 2011

Critica – Julie&Julia (parte 3)


Confira as partes 1 e 2.

Um brinde à igualdade!


Claro que sei que cozinhar e servir o marido é um papel instituído para as mulheres. Acho que é o mais clichê deles, inclusive. Mas o filme trata de algo para muito além disso. Julie e Julia se casaram com homens incríveis, absolutamente maravilhosos. Eles as apoiaram em todos os momentos e não se sentiram nem um pouco ameaçados diante do brilhantismo das esposas. Eram verdadeiros companheiros, não apenas maridos.

A história de Julia Child é mostrada de forma muito perfeita, porque tem um pouco do que seria a Julia que Julie Powell imagina. Por isso, não é retratado nenhum momento de conflito entre ela e Paul, o marido. Uma das cenas prediletas da diretora Nora Ephron (assisti com comentários também), é o momento em que Julia Child diz ao marido que vai aprender a fazer chapéus. Primeiro ele faz uma cara de quem pensa "que que tem a ver", mas em seguida resolve deixar a esposa curtir e diz: "Você gosta de chapéus". Tudo que ele queria era que ela fosse feliz, e às vezes isso é raro numa união, um homem querer ver sua esposa feliz. Principalmente se a felicidade dela depender de uma boa dose de autonomia.


Já Julie é muito mais humana e vulnerável. Ela faz drama quando a comida queima, é obcecada, teimosa e um pouco individualista. Inclusive nesse momento a interpretação de Amy Adams (Encantada) é perfeita, porque ela é aquela coisa linda e pequenininha com cara de chata. Dá vontade de dar um beijinho no nariz dela só para ver ela irritada. Num momento de conflito, ela e o marido brigam e ele chega a sair de casa. Mas a briga não tem fundo machista.

Em todo o filme as mulheres são protagonistas. Tudo é sobre as personagens principais. Tem até um momento em que Julie comenta que não gosta das amigas e a amiga dela, Sarah, diz que isso é absolutamente normal. Daí o marido de Julie diz "Os homens gostam dos maridos". Ao que Sarah responde: "E quem aqui está falando dos homens? Ningém está falando de homens aqui." Acho que foi uma alfinetada da roteirista.

O filme mostra dois exemplos do que acredito ser um casamento perfeito: uma relação onde as duas pessoas (ou mais, dependendo da situação) se ajudam mutuamente a crescer, sem disputar o domínio sobre a outra. Vale ressaltar que são dois casais sem filhos, então não sei como seria se houvessem crianças. Em Marley e eu, por exemplo, A personagem de Jennifer Aniston abre mão da própria carreira para cuidar dos filhos. Não que o marido a tenha obrigado a isso. Já em De pernas para o ar, recente longa brasileiro, o marido de Ingrid Guimarães pede divórcio devido à obsessão da esposa pela própria carreira. E será que alguém notou que em Sr e Sra Smith, a Angelina Jolie parece uma viciada em trabalho neurótica? Como se só assim ela pudesse se tornar uma espiã assassina competente, embora eu adore o filme e muitos traços da personagem interpretada por ela.

Óbvio que é difícil que uma relação sobreviva quando um dos dois é um workaholic. Só que no cinema há muito mais personagens masculinos e bem sucedidos do que mulheres. E quando elas são as bem sucedidas, geralmente o cinema as ilustra como mal amadas, insensíveis e anormais. A clássica megera. Enquanto isso, existem vários personagens homens bem sucedidos profissionalmente e felizes na família. Eu poderia citar muitos exemplos aqui, mas prefiro indicar um ótimo post que a Lola escreveu sobre a imagem das mulheres no cinema, baseado num instituto fundado pela Geena Davis, de Thelma e Louise.

Para a representação das personagens, o elenco demonstrou uma química incrível. Fora que tinha pelo menos duas figuras que eu adoro e ainda por cima nos papéis principais. Amy Adams e Meryl Streep foram sensacionais. E é incrível a versatilidade da Meryl. Basta contrastar A Julia Child com a Miranda Priestley, de o Diabo Veste Prada. A mulher é uma camaleoa!

Foram três posts bem robustos para falar de Julie & Julia, e talvez até surjam outros no futuro. Mas por enquanto desejo que tenham gostado da minha trilogia póstica e se interessado pelo filme. Será que os outros posts sobre filmes do meu coração serão grandes assim?

Bon appetit!

2 comentários:

Larissa F. Muniz disse...

Eu também adoreei esse filme Sheryda! A Meryl me impressiona a cada novo papel! Ela é ótima! Ah, o blog tá show! Sempre vou visitar! =D

Sheryda Lopes disse...

A Meryl é apelação. Tê-la no elenco é quase garantia de bom filme. Tem que se esforçar muito p um filme com ela ficar ruim. Tipo como aconteceu em Mama Mia.