segunda-feira, 4 de abril de 2011

Critica – Julie&Julia (parte 2)

Na semana passada comecei a contar porque amo o filme Julie & Julia. Agora, continuando.

De encher os olhos.


É um filme sobre comida. Eu sou uma pessoa que come muito (já to pegando até má fama na agência) e adoro cozinhar. Então filmes sobre culinária estão na minha lista dos prediletos. E se é sobre comida, então prepare-se para a fotografia, porque provavelmente é maravilhosa.

No caso de Julie e Julia, o cuidado da produção e a absoluta exigência da diretora Nora Ephron são evidentes. Tudo é colorido, real e apetitoso. Quase é possível sentir o cheiro do que é preparado e ficar com fome é inevitável. Até porque a diretora fez questão que a comida fosse ótima e os atores comessem de verdade durante as filmagens.

Em relação à parte gastronômica, só posso reclamar de algumas cenas nada vegetarianas, como o momento em que Julie vai preparar lagostas e as escalda vivas. Apesar de a cena ser cômica, é ruim imaginar o sofrimento dos bichinhos, e me incomoda o humor sádico de algumas cenas. Além disso, tem muita exibição de carne crua e carcaças de animais. Bem desagradável, mas é preciso entender que se trata da culinária francesa, então fica difícil ser de outro modo. Não gosto menos do filme por isso.

Além da quantidade de carne nas comidas, a quantidade absurda de gordura (quase tudo leva muita manteiga), também me surpreendeu. Como os franceses podem ser tão magros? Achei que tudo era no vapor e a base de vegetais, mas na verdade é manteiga e carne até a tampa. Isso é outra coisa: por ser baseado em livros de pessoas que realmente entendem de comida, tem muita informação interessante. A lição de "não aglomerar os cogumelos, senão eles não douram", me deixa com água na boca. Sou louca por cogumelos.

E tem coisas no filme que só quem ama comer e cozinhar compreende. O prazer de escolher ingredientes frescos, sentir o cheiro e observar suas cores, por exemplo. Claro que para uma pessoa não vegetariana esse prazer talvez não seja tão intenso, afinal eu geralmente compro vegetais, que são coloridos e cheirosos. #ironiafeelings

Em uma cena, Julia Child escreve para sua melhor amiga: “Creio que sou a única americana em Paris que acha mais divertido comprar comida do que vestidos”. Já Julie Powell gasta quase metade do próprio salário comprando ingredientes para uma das receitas. Há um momento em que ela pega um ramo de vegetais e cheira. Toda vez que vejo isso me dá vontade de sair e comprar uma porção de espinafre para um bom creme com batatas.

Potô e eu passamos pelo processo de compra de ingredientes sempre que resolvemos preparar alguma receita interessante. E é muito divertido fazer feira juntos, numa feira mesmo, com barracas e vendedores recitando preços. Já até fiz um pequeno ensaio fotográfico, porque, na minha opinião, não existem cores mais bonitas do que as de uma feira popular.

Além do prazer de comprar ingredientes, o filme também ilustra a sensação maravilhosa que é preparar um bom prato com carinho e compartilhar com quem se ama. Também ilustra como uma pessoa mais humana e menos fada do que Julia Child pode ficar enlouquecida caso algo queime ou desande.

E como Julie e Julia cozinharam muito e serviram os maridos, que adoravam toda a comida, talvez alguém ache que é um filme machista. Mas no próximo post direi porque considero Julie e Julia um filme feminista.

Bon appetit!

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