segunda-feira, 9 de maio de 2011

Uma estagiária, uma diretora, uma adolescente e um short curto demais (parte 1)


Algo marcante na minha vida foi ter começado a estagiar numa ONG, lá pelo 3º semestre do curso de jornalismo. No estágio eu cumpria a função de assessora pedagógica, ajudando os estudantes de algumas escolas públicas a fazerem seus jornais estudantis. Nessa época tive a oportunidade de trabalhar com educadores e assistentes sociais, o que me ajudou a abrir minha visão de mundo. A principal dessas mudanças foi perceber que nossa sociedade é tida em contexto. Um contexto cheio de aspectos, pessoas e situações. Milhares possíveis, com muitas facetas e possibilidades (ou impossibilidades).

Por exemplo: em determinada situação estive visitando uma escola para uma reunião com os estudantes, num horário oposto ao das aulas deles. Uma das meninas que ia participar da reunião sempre tinha muito interesse em contribuir com as coisas do jornal, mas tinha muitas dificuldades. Sendo a filha mais velha, ela cuidava dos irmãos menores, fazia todas as tarefas domésticas e mal tinha tempo para fazer os deveres de casa que os professores passavam. Participar do jornal da escola, então, era praticamente impossível. Para os pais dela, mais que isso: era besteira.

Pois eis que um dia o pai da menina a deixou ir à reunião, mas só depois que ela terminasse algumas tarefas da casa. Ela se esforçou para fazer tudo, avisou pelos outros participantes que ia chegar depois, mas que levaria todo o material que havia preparado.

Eu já tinha chegado para a reunião e resolvi dar uma tolerância de mais meia hora para que a garota não perdesse muita coisa. Enquanto isso, conversava com os outros estudantes sobre dificuldades que eles estavam enfrentando para concluir o jornal.

De repente, gritos na entrada da escola calaram todos.

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