terça-feira, 21 de julho de 2009

Tem que legalizar o aborto, porra!



Está acontecendo uma exposição asquerosa no 1º piso do Shopping Benfica. Tratam-se de vídeos e fotografias sensacionalistas de fetos mortos, numa espécie de campanha para que as mulheres não abortem.

Acho que entre os vídeos eles deveriam incluir o documentário Habeas Corpus (links seguem abaixo), onde um padre entrou com um pedido na justiça para que uma mulher interrompesse o aborto que tinha sido concedido na justiça. Ela não estava fazendo nada ilegal, pois o feto não tinha chance de sobrevivência e morreria pouco depois do parto. Prolongar esse tipo de gravidez nada mais é que esticar o sofrimento de uma mulher (sim, antes de mais nada a preocupação tem que ser com o corpo das mulheres) e sua família (todos negros e pobres, só para destacar).

Mas acreditem: o pedido do tal padre Lodi foi aceito e o processo de aborto foi interrompido já em trabalho de parto, resultando em intermináveis dias de sofrimento e dor para mais uma mulher pobre e negra que teve o direito ao próprio corpo negado. E tudo em nome de valores religiosos que ainda interferem de forma doentia e abominável na nossa constituição, obrigando todos os brasileiros a seguirem valores religiosos que não necessariamente condizem com suas próprias crenças.

Um retrocesso, pois enquanto as feministas lutam para que o aborto seja legalizado e nós mulheres tenhamos real poder de decisão sobre nossos corpos, ainda tem quem consiga nos privar de direitos já conquistados! E olha que o Estado é laico, ou seja, as decisões não podem de forma alguma ser tomadas com base em princípios religiosos.

Habeas Corpus - Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=SaU6z5EtALQ

Habeas Corpus - Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=0HBXg8ozctg

Habeas Corpus - Parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=dEBBOyc9zDk

E aí tem que citar mesmo é o Funk da Solução que foi criado pelas meninas do meu grupo de jovens, o Coletivo de Jovens Feministas do Ceará. Você canta no ritmo do "cada um no seu quadrado".

Funk da Solução

Então acaba, acaba acaba com a moral
então destrói, destrói, destrói a família
dercy beijo cuidado, dercy beijo cuidado
dercy beijo me liga, dercy beijo me liga.

se cristo, se cristo, se cristo é bom é terno
se cristo, se cristo, se cristo é bom é terno
por que criou o inferno? Por que criou o inferno?
por que criou o inferno? Por que criou o inferno?

se o corpo, se o corpo, se o corpo é da mulher
se o corpo, se o corpo, se o corpo é da mulher
ela dá pra quem quiser, ela dá pra quem quiser
ela dá pra quem quiser, ela dá pra quem quiser

a violência que existe, ainda mais a sexual,
Não é uma escolha nem comum e nem normal
a violência sexual não é comum nem é normal
a violência sexual não é comum nem é normal

O aborto, o aborto, o aborto é ilegal
O aborto, o aborto, o aborto é ilegal
a culpa é o vaticano, a culpa é o vaticano
a culpa é o vaticano, a culpa é o vaticano

se a raça, se a raça não é uma preocupação
façamos, façamos o governo das negona
o governo das negonas, o governo das negonas
o governo das negonas, o governo das negonas

no mundo, no mundo a miséria é geral
no mundo, no mundo a miséria é geral
destrói o capital, destrói o capital,
destrói o capital, destrói o capital,

se o mundo, se o mundo fosse cheio de sapatão
se o mundo, se o mundo fosse cheio de sapatão
seria revolução, revolução das sapatão
seria revolução, revolução das sapatão

Lésbicas e bi, querem visibilidade
Na letra deste funk
Afirmar identidade
Pela visibilidade reafirmar identidade
Pela visibilidade reafirmar identidade


Na letra deste funk muita rima ainda existe
Mas não canto agora, porque o momento não permite!
o momento não permite
o momento não permite

Veja a letra completa no blog do Lamce (Liberdade ao Amor entre Mulheres do Ceará), grupo pauleeeira de mulheres lésbicas e bissexuais daqui.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

SherConcorrendo

A Lola, do Escreva Lola Escreva (que eu acesso todas as vezes que sento diante de um PC com Internet) está lançando a 2ª edição do concurso de blogueiras. Mas não é um concurso de blogueiras comum, desses que a blogueira-mais-gata-ganha. Pasmem: desta vez o que conta é a qualidade dos textos! Mulheres que escrevem concorrendo para saber qual o melhor texto? Onde é que esse mundo vai parar...
Mas a iniciativa maravilhosa é para ajudar a divulgar blogs de mulheres. O tema da vez é feminismo, e um post meu está concorrendo, o "Namorado ou Companheiro?". Passe lá e vote-nim-mim se você achar que é justo e não deixe de visitar outros espaços legais. E muitíssimas boas-vindas a quem chegar aqui pela primeira vez, seja pelo concurso ou outros meios.

Links:

Blog da Lola: www.escrevalolaescreva.blogspot.com

Blog do concurso: http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2009/07/leiam-e-votem-segunda-edicao-do.html

Meu post que está concorrendo (é-o-melhor! é-o-melhor!!!): http://sherviajando.blogspot.com/2009/01/namorado-ou-companheiro.html

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Mulheres no computador = Homens pasmos


Como contei num post anterior, estou fazendo um curso de webdesigner. Agora, o que não contei é que sou a única mulher. E já ouvi muitas coisas por conta disso, e só então percebi que nós somos raras em cursos desse tipo, assim como em hardware, designer gráfico avançado e programação. Acho que devido às nossas supostas funções no mundo (decoração e delicadeza) somos sempre levadas a fazer cursos de recepcionista, secretariado, call center, etc. Aos homens ficam reservadas as funções que exigem mais racionalidade e frieza. Sem falar que para se desenvolver bem em programas de computador, é preciso ter tempo para ficar estudando, mas adivinha quem tem que fazer as tarefas domésticas ao invés disso? Um doce a quem adivinhar.

Abaixo, algumas pérolas de meus masculinos colegas:

-Porque você resolveu fazer um curso de webdesigner? (pessoa do sexo masculino pasma e intrigada)

-Porque quero aprender a fazer sites. (Dã!)

Na hora do intervalo, conversa entre dois homens e eu:

- Oi, você estuda aqui?

-Estudo.

-À tarde?

-Não, à noite (?o que eu estaria fazendo lá às 20:30 se estudasse à tarde?).

-Faz curso de quê?

- Web (me preparando para o pior).

-????Sééééério???? Nooossa!

- É sim! Eu também fiquei impressionado! Eles têm sorte, não tem ninguém florindo a minha turma.("eles " devem ser os meus abençoados colegas)

- Eu não tô florindo nada não!

- Mas se tem uma mulher, então o ambiente está florido!(poeta... )

- O curso é de web, não de paisagismo.( emocionada com a homenagem)


Isso foi depois que descobriram que eu além de mulher era feminista:

- Quer dizer que você é feminista?

-Anrã.

- Sinceramente, eu acho as feministas são mais machistas que os homens.

-Quantas feministas você conhece?

-Você é a primeira.

-Essa visão preconceituosa é muito reforçada para enfraquecer nosso movimento. Essa e muitas outras, como dizer que as mulheres são determinadas a cuidar do lar enquanto o homem detém a vida pública.

-Mas isso é verdade, todo mundo tem que assumir suas funções. A mulher tem ser mãe e educar os filhos, é natural. É porque querem quebrar esse equilíbrio que a nossa sociedade está ficando assim, sem rumo.

-Você acha que a nossa sociedade é equilibrada?

-Acho.

-Você deve ter uma vida muito confortável.

E essa foi quando eu estava brincando no Corel Draw durante uma aula livre e fiz o desenho abaixo:

Um colega atrás de mim viu a ilustração e falou beeem alto:

-Ei, esse desenho aí num tá meio LÉSBICO não?(indignado)

Respondi bem altão também:

-MEIO? Eu fiz o mais lésbico que consegui e ainda assim ficou só meio lésbico? (risinhos abafados da turma seguido de silêncio).

Ultimamente tenho evitado esses momentos porque o curso é a noite e quase sempre estou super cansada para ainda ter que me meter em debates e esclarecimentos. Mas sinceramente, é um saco ouvir as piadinhas machistas no fundão comentando de forma nojenta as gostosonas não sei de onde, fora as homofobias. Esta semana, por exemplo, tinha um cara dizendo que o Alexandre Pato (jogador muito rico) podia ter qualquer “gata-gostosa” que quisesse, mas ao invés disso tinha casado com uma “doidinha-mó-páia”. Ai meus sais lilases...

Agora quando algum absurdo é “compartilhado” para a turma durante a aula eu me dou o direito a algumas cortadas. Afinal, ser feminista é estar sempre alerta. O problema é quando a gente acaba sendo tão violenta quanto o agressor e acaba perdendo uma oportunidade de firmar um diálogo. Mas também nem sempre tem que tratar com luvas de pelica certas coisas. De vez em quando um Simancol básico cai bem. E haja Simancol.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Bloguinho querido, desculpe o abandono temporário...