domingo, 17 de outubro de 2010

No Ceará Music tem pipoca

Nunca tinha ido ao Ceará Music antes porque não faz meu tipo de programa e também por falta
de grana mesmo. Só que este ano a notícia de que a banda Los Hermanos tocaria me levou ao festival. Afinal, depois de anos perdendo shows do grupo aqui em Fortaleza com o pensamento acomodado de que “ano que vem eu vou”, fiquei órfã com o fim da banda. E aí foram pelo menos três apresentações do Retrato Ventura, grupo aqui da terrinha que faz um cover perfeito dos barbudos, com direito até a coro dos fãs.

Pois bem. Foi só a notícia da vinda do grupo movimentar o Twitter que eu comecei a me preparar para ir com o namorado. Afinal, Los Hermanos integra uma boa parte da nossa história juntos e não tinha como perder. Daí compramos nossos ingressos para a pista logo no primeiro dia de vendas dos individuais. Nem consideramos a idéia de comprar os ingressos para o Camarote Front Stage Burn porque além de o valor estar fora de nosso alcance, a intenção era ficar mesmo perto do povão, naquele calor de quem canta o “lá-lá-lá” de “Retrato para Iaiá”. E claro, tentar ficar o mais perto possível do palco, como dois bons fãs lisos, porém fiéis. Peraí! Perto do palco? Comprando o ingresso para a pista? Na-nã-ni-na-não, baby!

Pois é, um detalhe do qual não fazíamos idéia: os ingressos para a pista davam direito a ficar perto do palco até um limite de uns bons metros, onde começava uma cerquinha que nos deixava a uma distância enorme dos Hermanos. Sei lá, bota aí a área de umas duas ou três Praças Verdes do Dragão. Os ingressos mais caros é que davam direito aos mais abastados de ficar pertinho do palco, com mais conforto e muito mais oxigênio.

Eu nunca tinha ouvido falar nisso, e ao que me parece tal sistema não era usado no Ceará Music, pelo menos foi o que me disseram freqüentadores de outros anos. Então aquele antigo sistema onde o amor pela banda move os fãs entre cotoveladas, empurrões e “dá licença, por favor” até pertinho do palco para ver os ídolos de perto, talvez até ganhar um sorriso ou um aperto de mão, caiu por terra. Para ficar perto do palco bastava disponibilizar umas duas centenas de reais, e que ódio pensar que ali tinha gente que achava que Los Hermanos só tem Ana Julia no repertório! Me lembrou os tempos em que um cordão de isolamento separava quem tinha dinheiro para comprar um abadá do Fortal de quem ficava pulando na saudosa e sofrida "Pipoca" da avenida Beira Mar.

Espremidos próximos à grade e tentando respirar, curtimos a apresentação o melhor que pudemos. O show foi ótimo, embora eu tenha sentido muita falta de “Conversas de Botas Batidas” e tenha achado a despedida do grupo um tanto fria. Não me acostumo
com esse negócio de não ter bis. Deu pra ver a dancinha do Amarante de looonge, pequenininha e boa parte através do telão. E foi impressão minha ou ele soltou aquela nossa vaia cearense?

Foi legal estar num show da banda, e mesmo com a claustrofobia,
deu para beijar muito e dançar abraçadinho com o fã chorão que eu tanto amo e isso é bom que só. As outras apresentações que queríamos ter visto perdemos enquanto enfrentávamos um sacrifício enorme e ridículo para comprar uma água caríssima ou conseguir comer alguma coisa. Depois de tudo fiquei com a sensação de que o show foi mais caro e cansativo que divertido, sabe? E por mais que eu ame os Hermanos ou qualquer outra banda, se é para fazer mini-turnês, que sejam shows próprios e sem Front Stages. Ou sem estacionamentos caríssimos como foi noticiado sobre o SWU. Porque francamente, além de amor eu também tenho senso crítico e vergonha na cara.

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