segunda-feira, 13 de abril de 2009

Armadura: tirar ou não tirar?

Estive pensando em um dos meus maiores defeitos: o orgulho. Na verdade, acho que não é só um dos meus maiores defeitos, é também uma qualidade, já que muitas vezes o utilizo como forma de defesa. O problema é quando esse orgulho é exagerado e acaba me deixando presa em minha própria carapaça.

Tem muitas coisas que um orgulho exagerado e até mesmo combinado com excesso de rancor me causam. Fico fechada para as pessoas, ou seja, não deixo que se aproximem. Também posso ficar remoendo pequenas bobagens, gastando uma enorme energia em algo que não vale a pena – a aí como eu queria seguir os ensinamentos nietszchianos, de conseguir deixar para trás as mágoas.

Também é muito difícil quando acontece de alguém de quem eu sempre me defendi precise de mim. Imagine só: o medo de se aproximar, ajudar e aí se pôr numa posição vulnerável e... acabar magoada de novo. Nossa! Chega a ser uma tortura pensar em algo assim.

E quando os sentimentos se invertem e eu não consigo ter orgulho o suficiente? Sim, já aconteceu (e muito). Você ama muito determinadas criaturas. Aí elas vão, te magoam. Você se abre, explica o que te chateou, desabafa, perdoa... e acontece mais uma vez. E de novo, de novo, de novo... E a cada vez que a situação se repete você pensa no quanto foi difícil se abrir e no quanto parece que isso não importa (como pode?) para os seres “magoantes”.

Nossa!! Tem noção o que é isso? Uma pessoa conseguir se despir do próprio orgulho, uma atitude que representa um tesouro. Quer dizer, quando um canceriano-carangueijo-até-a-veia fizer isso por mim, eu vou saber o quão precioso é. E parece assim que cospem no que você está dizendo, e eu até penso se realmente determinados seres ligam para o que podem representar na minha vida.

Porque até quando as pessoas merecem ser perdoadas? E – muito importante – até onde elas realmente querem seu perdão? Fico pensando nas vezes em que perdoei alguém por algo e ao me perguntar se fulan@s pediram uma nova chance... Acho que eu dei por iniciativa própria! Ninguém pediu!

Porque às vezes você (leia-se eu) cria fantasias de “amizade para sempre” e não-sei-o-que-mais e fica sozinho na própria lombra. Talvez o povo queira mais é se ver livre e manda todos os sinais não-verbais e desumanos possíveis, mas mesmo assim eu ainda me pego lembrando com saudades de antigas tardes jogando xadrez, partidas de Twister ou Guitar Heroe, madrugadas de conselhos, conversas jogadas fora ao telefone e enooormes xícaras de café.

E por mais que já tenha tentado me convencer um milhão de vezes de deixar o povo para trás, ainda me pego pensando em dar um telefonema. Mas aí, me agarro ao meu orgulho mais uma vez. E agora com muito mais força. Porque tem umas porradas que doem demais e dão medo de apanhar de novo.

2 comentários:

Lídia Rodrigues disse...

como dizer... esse texto me decifra ( e ao momento atual também) perfeito amiga, vamos só tentando dosar nosso orgulho protetor pra não acabarmos presos sem sair da nossa carapaça...

Sheryda Lopes disse...

Pois é, amiga. Muito difícil dosar, porque quando a gente acha que tá conseguindo acaba acontecendo algo e nos retraímos mais uma vez.