É que ele nestá deixando crescer a cabeleira, e os cachinhos tão bem, bem cheios. Quando tá assanhado fica black, e dia desses fiz trança-raiz nele. Pra mim, tá muito massa, principalmente porque é uma questão muito forte de assumir a negritude e enfrentar as pessoas que vêm dizer que o cabelo dele tá sujo e não sei o que mais. Porque negro não tem direito de ter cabelo, né? Mal cresce, toca raspar! Já o branco não: pode deixar um pouco maior, com topete, arrepiadinho ou mesmo um pouco abaixo do pescoço porque é muito descolado. Uma questão de "estilo". Afinal, é um cabelo liso, macio e brilhante. Já o cabelo "de nêgo", mal cria dois dedos que o povo já manda-logo-ir-aparar-essa-moita.
Com as negras, o lance é alisar ou conseguir-domar-os-cachos. Minha irmã adolescente,por exemplo, parece que percebeu há algum tempo que é negra e o quanto isso é bom. Daí parou de se preocupar tanto com o volume e amarrar o cabelo naqueles coques-bolinha que amassam os cachinhos e deixavam o cabelo dela super oprimido. Agora, a guria curte deixar os fios soltos e eles ganharam um volume lindo. Mas aí vem meu pai (que é negro,porém racista mas não percebe nem um nem outro) e diz que a menina tá com uns cabelo-muito-espatifado. Se ela chegasse com aquele liso igual ao de todo mundo, completamente artificial e pregado na cabeça, aí é porque ela estava "se cuidando". Tenha dó!
Mas realmente o campeão de me fazer engolir sapos, com certeza é o machismo. E derivados dele, misoginia e homofobia/lesbofobia/transfobia.
Porque em todo canto que eu vou,tem alguém que fala absurdos e acha que é só brincadeira! E isso é vindo de gente que não deveria ter tanto preconceito, como comunicadores (daí uma mídia tão discriminatória), educadores e até militantes do movimento LGBTT! É loucura!
4 comentários:
É... Preconceito e discriminação não são "privilégios" dos brancos burgueses! Todos somos um pouco. E lançamos mão dessas pré-opiniões nas coisas mais simples: quando escolhemos nossos amigos, os locais que freqüentamos ou aqueles que evitamos! O importante, eu penso, é ser tolerante. Você não é uma pessoa pior porque achou a filha do Renato Aragão mais bonita depois de emagrecer (coisa que devo admitir: também achei). Seria sim, se não a considerasse digna de estar na TV por ser gordinha, negra, ou baixa demais. Talvez a nossa percepção de beleza esteja alterada pela enxurrada de informações que recebemos sobre isso, desde quando a Barbie era o sonho de qualquer menininha, mas o pior do preconceito é praticá-lo! Tem um filme muito bom que fala disso, não sei se você já assistiu, mas fica a dica: “Crash - No Limite”. Parabéns por levantar essa discussão.
Brigada pelo "vc não é uma pessoa pior". Combater o preconceito e ainda assim perceber que o pratico às vezes é uma coisa muito desconfortável, porém necessário, creio.
Assisti sim o Crash, e adorei!! Nao sei como não pus aqui uma crítica, mas é porque às vezes dá uma preguiça de postar e quando vejo já esqueci. Daí deixo de falar de ótimos filmes que já vi.
Brigada pela visita. Volte sempre!
Shery, a gente precisa ter muita paciência, sempre. Tem vezes em que uma pessoa é bem-intencionada e só não sabe que está dizendo algo errado. Acho ótimo ajudar pessoas assim. Por exemplo, a maior parte das pessoas não sabe que é ofensivo dizer "homossexualismo" ao invés de "homossexualidade". Eu não sabia disso no começo do ano passado, e se as pessoas não tivessem me falado, continuaria não sabendo.
Abração!
Pois é, Lola. Realmente muita coisa é uma questão de desinformação, mas a gente se sente intimidada a informar o povo quando é taxada de a paranóica e chata, sabe? Mas mesmo assim não devemos desanimar.
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